Título: Paraguai prepara venda de energia de Itaipu
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2009, Economia, p. B15

País vizinho vai vender parcela excedente no mercado livre brasileiro

O Paraguai poderá vender sua parcela excedente de Itaipu no mercado livre brasileiro a partir de 2011, segundo comunicado do Ministério de Relações Exteriores paraguaio. Na quarta-feira passada , a comissão formada por membros das duas nações acertou que o país vizinho poderá vender, de início, 300 MW diretamente aos consumidores livres brasileiros (grandes indústrias, como as mineradoras).

Pelos termos do acordo, a inserção paraguaia no mercado livre ocorrerá em 2010 por meio da venda da energia da Hidrelétrica Acaray, que possui 200 MW de capacidade instalada. A partir dessa definição, técnicos dos países se reunirão no fim da próxima semana para discutir os prós e os contras da possibilidade de venda direta de energia pelo Paraguai no Brasil. No encontro, foi ressaltado a necessidade de se garantir o pagamento da dívida contraída para a construção da usina até o ano de 2023.

A comercialização aos clientes livres brasileiros foi a solução encontrada entre as partes para aumentar a receita de Itaipu ao Paraguai que, inicialmente, desejava vender a países terceiros a parcela que não consome da usina.

Hoje, há uma cessão onerosa desse volume ao Brasil, que é vendido pela Eletrobrás às distribuidoras. Com o acordo, gradualmente essa energia vai migrar do mercado cativo para os consumidores livres, por meio da comercialização direta a ser realizada pelo Paraguai.

Em 25 de julho passado, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o paraguaio, Fernando Lugo, firmaram um acordo no qual prevê triplicar o valor recebido pelo país vizinho pela energia que cede ao Brasil, passando dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões. Além disso, foi acertada a criação da comissão para estudar mecanismos que permitam ao Paraguai comercializar diretamente no Brasil o volume não consumido de sua cota na hidrelétrica e a construção de uma linha de transmissão no país vizinho para ampliar seu consumo de energia da usina.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, o acordo de julho foi enviado na quinta-feira ao Congresso para aprovação e a expectativa é de que o mesmo ocorra nos próximos dias no Congresso brasileiro. O aval dos Congressos é pré-requisito para que o acordo entre em vigência. Em 16 de outubro, a comissão vai se reunir para revisar os estudos técnicos.

Com 14 mil MW de capacidade, Brasil e Paraguai têm, cada um, 50% do projeto. Porém, o consumo paraguaio é de apenas 5%, cedendo o restante ao Brasil.

Até o funcionamento pleno da Hidrelétrica de Três Gargantas na China, Itaipu é a maior do mundo em potência instalada. Em capacidade de geração continuará sendo a mais importante, pois o Rio Paraná tem maior fluxo de água.