Título: OGX, de Eike Batista, encontra primeiros indícios de petróleo e gás
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2009, Negocios, p. B18

Caso descoberta na Bacia de Santos se confirme, empresa pretende iniciar produção até o final de 2011

A companhia de petróleo OGX, do grupo do empresário Eike Batista, anunciou ontem ter encontrado indícios de petróleo e gás em sua primeira perfuração na costa brasileira. Foi no poço 1-MRK-2A-SPS, localizado no bloco BM-S-29, nas águas rasas da Bacia de Santos, a cerca de 130 quilômetros do litoral paulista. O diretor de Desenvolvimento e Produção da companhia, Reinaldo Belotti, informou que a expectativa é iniciar a produção até o fim de 2011.

As ações da empresa subiram 10,8% no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), influenciadas também por notícias de um possível desdobramento dos papéis, anunciado em encontro com analistas. A OGX tem 65% da concessão onde foi feita a descoberta, que é operada pela dinamarquesa Maersk, com 35% de participação.

O poço foi iniciado em agosto e ainda não foi concluído, informou o diretor financeiro da OGX, Marcelo Torres. "Está na metade", disse o executivo. O diretor-geral da petroleira, Paulo Mendonça, explicou que os indícios da existência de petróleo e gás ainda não configuram, tecnicamente, uma descoberta de petróleo. "A obtenção de novos dados será necessária para determinar a significância dos indícios", afirmou Mendonça.

A OGX tem concessões em 22 blocos no mar e em sete em terra, com reservas estimadas pela consultoria internacional De Golyer & MacNaughton em 4,8 bilhões de barris. A consultoria vai reavaliar os dados, agora com base em dados mais detalhados. Os resultados são esperados para a segunda quinzena deste mês.

Mendonça informou que a empresa espera iniciar seis perfurações até o fim do ano - nos próximos três anos, o número sobre para 50. A segunda perfuração começou em setembro, no projeto Vesúvio, no BM-C-43, na Bacia de Campos. O próximo poço será feito também na Bacia de Campos, ao norte do Vesúvio.

DESDOBRAMENTO

Pouco antes do anúncio da descoberta, o diretor da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) no Rio Gilberto Esmeraldo já classificava os preços dos papéis da OGX de "proibitivos" para pequenos e médios investidores. Esmeraldo defendeu a divisão do capital da empresa em maior número de ações para que ganhem mais liquidez.

Questionado sobre o assunto, o diretor financeiro da companhia respondeu que ele já está em estudo. Qualquer iniciativa, porém, só pode ser tomada após o dia 13 de dezembro, quando vence o prazo mínimo regulamentar de 18 meses a partir do lançamento primário das ações. "A partir de dezembro, estaremos trabalhando para promover o desdobramento'', afirmou Torres.

Mendonça também disse que "por enquanto, não há nenhum impacto do pré-sal na OGX". Esclareceu que não é verdade que a companhia tenha áreas concedidas na chamada franja do pré-sal. "Estamos longe do pré-sal. Nossa carteira exploratória é no pós-sal. Se aparecerem oportunidades no pré-sal, vamos avaliar", afirmou.

Mendonça e Torres informaram que a companhia está capitalizada, com R$ 7,8 bilhões em caixa, tem recursos para aproveitar oportunidades que surgirem e eventualmente fazer aquisições. "Estamos preparados para ir a leilão (da Agência Nacional do Petróleo, ANP)", afirmou Mendonça, completando que espera novo leilão de áreas para exploração e produção de óleo e gás para o ano que vem.

A empresa pretende usar R$ 4 bilhões no programa exploratório e R$ 2 bilhões no desenvolvimento da produção inicial. Outros R$ 1,8 bilhão devem ser destinados à novos negócios. COMENTÁRIOS