Título: Tarso fala em providências, mas diz que caso é de Cassel
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2009, Nacional, p. A8

Segundo ele, MST responderá criminalmente por danos

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o Brasil tem leis contra destruição de propriedades e o MST responderá criminalmente pelos danos à Fazenda Santo Henrique. "O País tem lei, tem Constituição, e providências serão tomadas", disse. "Ninguém está acima da lei."

Tarso não detalhou quais medidas são cabíveis, mas afirmou que a responsabilidade pelo problema é do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. "Ele vem conduzindo muito bem o caso e apoio tudo que ele falou a respeito." O ministro do Desenvolvimento Agrário já havia dito que a atitude do MST foi "grotesca" e "injustificável", garantindo que não ficará impune.

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), classificou a invasão de "absurda" e "lamentável". "É tão absurdo que até o presidente do Incra condenou", declarou ele, referindo-se a Rolf Hackbart, que se disse "indignado" com a destruição de laranjais da Cutrale pelo MST.

"Não precisa dizer mais nada. A gente sabe que Incra e MST andam, em geral, juntos. Para até o presidente do Incra ter atacado é uma demonstração do absurdo que foi feito", acrescentou Serra. "Destruição de patrimônio, crime ambiental. Uma ação muito além do lamentável."

A ação do MST é "caso de polícia", declarou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, considerando "lamentável" o episódio. "Não há o que falar: isso não é caso para o ministro da Agricultura, é caso de polícia", afirmou.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo(Faesp) criticou a ação do MST. "As imagens mostradas pela TV Globo exibem uma forma de atuação política, que se caracteriza pelo uso sistemático da violência, com destruição do cultivo de laranjas, saque da sede, ocupação de alojamentos de funcionários e roubo de utensílios", disse Fábio Meirelles, presidente da Faesp. Para ele, os sem-terra "procuram apresentar uma falsa oposição entre produção de alimentos e agronegócio".

"REQUENTAMENTO"

Já a Comissão Pastoral da Terra (CPT) emitiu nota ontem para manifestar "estranheza" diante do que qualificou de "requentamento" do episódio por parte da imprensa. Segundo a CPT, o caso ocorreu no dia 28 de setembro e foi noticiado na ocasião, mas voltou com maior destaque uma semana depois. "A quem interessa a repetição da notícia, uma semana depois?", argumenta a nota.

E defende a ação do MST. "A ação tinha por objetivo chamar a atenção para o fato de uma terra pública ter sido grilada por uma grande empresa e pressionar o Judiciário, já que, há anos, o Incra entrou com ação para ser imitido na posse destas terras que são da União."

COLABORARAM SILVIA AMORIM E CÉLIA FROUFE