Título: Investida contra Meirelles falha
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2009, Nacional, p. A6

Dirigentes do PMDB viam ""incompatibilidade ideológica""

BRASÍLIA

A festejada filiação ao PMDB de Goiás do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi contestada por dois integrantes da Executiva e um do Diretório Estadual do partido. Em recurso ao Diretório Municipal de Anápolis, colégio eleitoral de Meirelles, eles pediram que a filiação fosse impugnada, sob o argumento de que há "incompatibilidade ideológica" entre o presidente do BC e o PMDB. A reação dos três peemedebistas, no entanto, não prosperou.

Por enquanto, Meirelles é candidato a senador, cargo majoritário. Pretende se eleger para o Senado e aguardar convite para ser ministro da Casa Civil ou da Fazenda, caso a coligação do PMDB seja a vencedora. Essa provável aliança, pelo menos por enquanto, deverá ser feita com o PT da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

Há, tanto no PMDB de Goiás quanto no governo federal, os que defendem uma chapa Dilma-Meirelles. O problema é que o cargo de vice já foi prometido ao presidente da Câmara, Michel Temer (SP), e Meirelles sabe que não teria chance nessa disputa.

ARQUIVAMENTO

Ontem mesmo a presidente do PMDB em Anápolis, Onaide Santillo, reuniu a Executiva Municipal e, por 7 votos a 0, rejeitou a ação, encabeçada pelo advogado Ney Moura Teles, terceiro vice do PMDB regional, e assinada pelos ex-prefeitos Juarez Magalhães Jr. - de Cristianópolis, cidade do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, que fez o convite para Meirelles entrar no PMDB - e Antonio Lary, de Caiapônia.

Para Onaide, os três correligionários que pretendiam impugnar a filiação de Meirelles tiveram "um repentino surto de busca de notoriedade". "Entendemos que não há procedência, nem amparo no estatuto do PMDB para tal pedido", disse ela ao Estado.

Teles sustentou que houve ilegalidade na filiação, porque o partido e o presidente do BC estão em lados antagônicos. "Em primeiro lugar, ele é o principal operador do capital financeiro internacional no Brasil. Não está apto ideológica, ética e moralmente a cumprir o compromisso de respeitar o programa do PMDB, porque lá está escrito que o trabalho se sobrepõe ao capital", disse. Afirmou ainda que Meirelles não é "confiável". "Ele foi eleito em 2002 pelo PSDB e deixou o partido para servir o governo do PT."

De Istambul, na Turquia, onde participa de reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente do BC foi lacônico. "Sem comentários."