Título: Mercado espera nova onda de IPOs no País em 2010
Autor: Xavier, Luciana ; Ribeiro, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2009, Economia, p. B3

Presidente da Bovespa vê retomada de ofertas iniciais de ações, após sucesso do Santander

O mercado financeiro voltou a ficar otimista com a perspectiva de novas ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla inglês) no País este ano e em 2010. O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse esperar pelo menos mais dois IPOs para este ano no Brasil e "muita atividade" no primeiro semestre do ano que vem.

"Tem muito dinheiro para vir ao País. O potencial do nosso mercado é algo impressionante", disse. Edemir prefere não prever quando a Bovespa vai superar o ano de 2007, quando a bolsa alcançou o recorde em operações de oferta de ações. "O País tem um grande potencial, mas ultrapassar o recorde depende de uma conjuntura de fatores que inclui o andamento da economia nos EUA e na China", afirma.

Um dia depois de o banco Santander divulgar que sua oferta de ações atingiu R$ 14,1 bilhões, a Telefônica fez uma oferta pública de compra (OPA) de até 100% da operadora GVT. A companhia espanhola propôs ontem R$ 6,5 bilhões. O valor é cerca de 14% acima do ofertado pela concorrente francesa Vivendi

Para o presidente da BM&FBovespa, o volume de recursos levantado pelo Santander mostra que o mercado de capitais no Brasil é atrativo para o investidor estrangeiro. "Temos de "precificar" o País para sermos daqui a alguns anos não mais um país emergente e mudarmos de patamar", disse.

Embora otimista, o executivo lembrou que os investidores estão mais seletivos e apenas empresas com bom histórico de resultados terão sucesso em suas operações na Bovespa.

O diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira, também acredita que, daqui para frente, o número de IPOs deve aumentar no Brasil, sem estimar quantos podem ser feitos até o fim do ano. Mas, segundo ele, só a partir de meados do ano que vem o volume de ofertas iniciais no mercado de ações deve voltar aos níveis anteriores à crise.

Com isso, Bandeira prevê que a tendência para a Bovespa seja de alta, numa valorização apoiada nos fundamentos mais sólidos da economia e não em otimismo exagerado. Segundo ele, existe no mundo a percepção de que o Brasil saiu mais rápido da recessão e deve ter recuperação mais forte do que a maioria dos países.

Esse cenário positivo deve impulsionar o Ibovespa a fechar ao redor dos 65 mil pontos este ano e entre 75 mil a 80 mil pontos em 2010, prevê Bandeira. "A tendência é de que o terceiro trimestre seja melhor do que o segundo, o quarto trimestre melhor do que o terceiro e assim por diante", afirmou. "E, para o investidor estrangeiro, o Brasil, dentre os emergentes, está hoje como um bom local para investir."