Título: Para 2010, Conab estima avanço de 4,8% puxado pela soja
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2009, Economia, p. B7

Ao roubar área de milho e algodão, produção deve crescer 10,8%, de 57,1 milhões para 63,3 milhões de toneladas

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também divulgou ontem suas projeções para a safra de grãos. As estimativas da estatal foram apresentadas pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e indicam que a produção brasileira de 2009/2010 deverá atingir de 139 milhões a 141,6 milhões de toneladas, puxada, sobretudo, pelo aumento da área plantada e da produtividade da soja.

Apesar de ser um aumento de até 4,8% na comparação com o ciclo anterior, de 135,2 milhões de toneladas, e de já chegar com ares de "segunda maior da história" a estimativa ainda está bem distante do volume recorde de 144,1 milhões de toneladas colhidas na safra 2007/2008. A diferença entre os dados do IBGE e da Conab se deve aos períodos avaliados. A estimativa do IBGE abrange o período de janeiro a dezembro, enquanto a Conab se baseia no ano-safra, de agosto a julho.

De acordo com a Conab, ao "roubar" área do milho e do algodão, a soja deve apresentar um aumento da produção de até 10,8%, passando de 57,1 milhões de toneladas na safra 2008/2009 para até 63,3 milhões de toneladas na safra que começou a ser plantada agora.

A decisão do produtor de migrar para a soja tem fundamento no retorno financeiro desse grão, na comparação com os demais. Apesar disso, produtores já se preparam para solicitar recursos do governo para apoiar a comercialização da soja. Diretores da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) visitam o Ministério da Agricultura com a intenção de garantir R$ 1 bilhão no Estado por meio doPrêmio de Escoamento do Produto (PEP), segundo informações publicadas no site da associação.

O próprio ministro chegou a mostrar preocupação em relação ao comportamento dos preços durante o ciclo 2009/10. Isso porque, conforme Stephanes, a tendência dos últimos meses tem sido de queda: milho, trigo e feijão, para citar alguns. O ministro vislumbra, porém, alguma chance de o agricultor voltar à produção de milho no momento da segunda colheita do ano, conhecida como safrinha.

"A safrinha pode se transformar em safra. Isso dependerá de mercado naquele momento"", considerou, enfatizando que agora a produção de milho está abaixo do limite da rentabilidade. "Em época de crise, ninguém quer carregar estoques, mas não sabemos qual será o comportamento na nova safra."