Título: Ministro nega repasses ao MST e vê perseguição
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2009, Nacional, p. A4

Contrariando dados do Tribunal de Contas da União (TCU), cujas auditorias identificaram repasses federais a 43 entidades ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST), o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, negou ontem a existência dessas transferências, em audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura do Senado.

Para o ministro, as críticas contra a entidade se devem ao "ambiente de criminalização dos movimentos sociais", que estaria crescendo nos últimos dias. "Temos de superar esse instinto persecutório contra o MST, que não ajuda em nada."

Cassel não respondeu à pergunta sobre quem patrocina as invasões de terra promovidas pelo movimento e sugeriu que a questão deve ser feita ao próprio MST.

O ministro se referiu à proposta de CPI para investigar os repasses a entidades tidas como "braços do MST" como sendo "um tema do Congresso", mas insinuou que a investigação pode se transformar em "perseguição política".

"Não cabe a um ministro dizer se é legítimo ou não", declarou, frisando que não teme a apuração. "Se existem dúvidas, tem de investigar. O que não é correto é fazer disso um instrumento de perseguição política."

APOIO

A bancada do DEM deve esperar até o final da semana para protocolar o pedido da CPI do MST. Signatários do documento, os deputados Onyx Lorenzoni (RS) e Ronaldo Caiado (GO), além da senadora Kátia Abreu (TO), já possuem as assinaturas necessárias, mas desistiram de registrar o documento ontem, temendo que o governo pressionasse os parlamentares a retirarem o apoio, derrubando a comissão.

"A CPI vai acontecer. Por isso, estamos com todos os cuidados para enfrentar a máquina", declarou Lorenzoni. "O governo é poderoso, principalmente quando estamos diante de um que nunca teve limite para enfrentar situações em que ele tenha margem de manobra entre os parlamentares."