Título: Crescimento emite 200 milhões de t a mais
Autor: Formenti, Lígia ; Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2009, Vida7, p. A16

Com taxa de 6%, CO2 extra equivaleria a 50% do desmatamento anual Se nada for feito para frear as emissões nacionais de gases-estufa e o crescimento do País for de 6% ao ano, o Brasil deve ter uma emissão anual em 2020 de pelo menos 3 gigatoneladas de CO2. No cenário apresentado anteontem pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considera um crescimento de 4% ao ano, as emissões seriam de 2,8 gigatoneladas de CO2 em 2020.

Portanto, elevar de 4% para 6% o crescimento, na avaliação preliminar do MMA significaria um aumento do lançamento do principal gás de efeito estufa em ao menos 200 milhões de toneladas - o equivalente a cerca de metade do desmatamento atual da Amazônia por ano.

A redução das emissões é vista como necessária mundialmente, pois as mudanças climáticas já afetam diversos países e ilhas e podem gerar efeitos trágicos para as pessoas nos próximos anos. São previstos aumentos da desertificação, do nível do mar, do número de enchentes e da severidade de tempestades. Mas, enquanto países industrializados devem ter metas obrigatórias de redução global de emissão, espera-se de países em desenvolvimento, como o Brasil, que continuem crescendo, mas que reduzam a taxa de aumento de emissões.

Na proposta do MMA, o desmatamento deveria ser reduzido em 80% até 2020 e as emissões, diminuídas em 40% sobre a projeção de 2,8 gigatoneladas de CO2. Mas a ministra Dilma Rousseff solicitou que fossem feitos novos estudos, com projeções de crescimento do País de 5% e 6% ao ano. Se com o cenário de 4% de crescimento as emissões voltariam a ficar perto do patamar de 1994, com 6% devem ficar no nível atual.

O MMA optou por utilizar em seus cenários a média de 4% de crescimento ao ano porque o Plano Decenal de Energia também utiliza esse valor.