Título: Interesse de investidores externos pode ser uma saída
Autor: Aragão, Marianna ; Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2009, Economia, p. B6

O interesse de investidores externos pelo Brasil pode ajudar a enfrentar as principais dificuldades de execução de projetos de infraestrutura. Representantes da indústria acreditam que o crescimento do mercado de capitais brasileiro e a conquista do grau de investimento pelo País vão atrair mais dinheiro estrangeiro no setor.

"Nossa expectativa é captar recursos de investidores institucionais externos, principalmente por fundos especializados em projetos de infraestrutura", diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy.

Para isso, no entanto, o Brasil terá de aprender a fazer planejamento de longo prazo. O professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, diz que tem conversando constantemente com estrangeiros interessados em investir na infraestrutura brasileira.

"Eles querem saber onde investir, em qual projeto, não simplesmente o setor. Mas não sei responder por que não temos um plano estratégico de desenvolvimento logístico." Na avaliação dele, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está longe de desempenhar este papel. "O PAC é um conjunto de projetos conhecidos há muito tempo."

Na opinião do presidente da Confederação Nacional do Transportes (CNT), Clésio Andrade, o governo tem se esforçado para acelerar o PAC, mas esbarra na dificuldade de executar o orçamento. "A demora na obtenção das licenças ambientais e as paralisações de obras por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) fazem com que apenas 50% do orçamento seja executado", estima Andrade, referindo-se ao último balanço do PAC.

EXEMPLO

Segundo especialistas, a infraestrutura de transportes deveria seguir os passos do setor elétrico, que está salvo da pressão do crescimento em 2010. Para o diretor do departamento de infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas, o País tem conseguido planejar a expansão elétrica no longo prazo.

Isso não significa, porém, que todos os problemas estão resolvidos. A maioria das hidrelétricas em construção é a fio d"água, ou seja, não tem reservatórios para armazenar água. Em período de seca, teríamos de recorrer a térmicas, mais caras.