Título: Série de ataques terroristas mata mais de 40 em 3 cidades do Paquistão
Autor: AP ; Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2009, Internacional, p. A14
Ações coordenadas coincidem com nova ofensiva militar em zona controlada pelos insurgentes do Taleban
Uma série de cinco atentados coordenados em três cidades paquistanesas deixou ontem 40 mortos - 28 deles na capital cultural do país Lahore - no momento em que as Forças Armadas preparam uma nova ofensiva contra a milícia islâmica do Taleban que atua na fronteira com o Afeganistão. Desde o início da onda de ataques do Taleban, há 11 dias, o Paquistão registrou 8 atentados.
Na ação mais violenta a sede da Agência Federal de Investigação (FIA, na sigla em inglês) e duas academias de política de Lahore foram atacadas por homens armados com fuzis e granadas. Metade dos 28 mortos na ação era policiais e militares; outros 10 eram rebeldes. Parentes de algumas das vítimas foram feitos reféns num anexo residencial do campus, próximo aos edifícios da polícia. O mesmo complexo já tinha sido alvo de um ataque semelhante em março.
Numa ação quase simultânea, um carro-bomba foi detonado por um terrorista, matando outros três policiais e sete civis numa delegacia de Kohat, no noroeste do Paquistão. O autor do atentado também morreu na explosão.
Um segundo ataque em Pshawar, a maior cidade do noroeste do país, na fronteira com o Afeganistão, matou uma criança e num complexo habitacional onde vivem funcionários do governo.
OPERAÇÃO OUSADA Com os ataques de ontem, o número de mortos em atentados terroristas no Paquistão nas duas últimas semanas chega a 150, incluindo uma ousada operação, no sábado, contra o quartel de Rawalpindi - conhecido como o ''Pentágono, paquistanês'' -, que deixou 20 mortos.
Dois dias depois um comboio militar foi atacado por rebeldes no Vale do Swat, deixando 41 mortos.
Além da polícia e das Forças Armadas, um edifício das Nações Unidas em Islamabad também foi alvo de um atentado suicida, no dia 5, quando cinco funcionários da organização morreram no local.
A nova onda de violência coincide com a ofensiva militar preparada pelo Exército paquistanês contra redutos taleban no Wairistão do Sul, na fronteira com o Afeganistão, e põe em dúvida a real capacidade do governo local de frustrar a ação de grupos terroristas.
As ações ocorreram no mesmo dia que o presidente americano Barack Obama, autorizou a liberação de US$ 7,5 bilhões em ajuda para o governo paquistanês.
''Eu esperava que houvesse mais planejamento e mais fortificação, mas, depois do que ocorreu hoje(ontem), ficou claro que não há nenhuma das duas coisas'', criticou Faisal Saleh Hayad, parlamentar da Liga Muçulmana Paquistanesa.
Para o ministro do Interior do Paquistão Rehman Malik, ''o inimigo deu início a uma guerra de guerrilha''. Ele também reconheceu que, apesar de os serviços de inteligência estarem em ''alerta total'', é necessário ''construir a capacidade das agências de segurança.
Testemunhas dos ataques em Lahore dizem que os terroristas envolvidos nas ações de ontem estavam decididos a provocar o maior número possível de vítimas.
''Eles estavam aqui para morrer.Quando eram feridos, eles explodiam as bombas que traziam junto ao corpo'', disse um funcionário do governo.
Segundo ele, os terroristas ''pareciam bem treinados porque pulavam sobre os muros e atiravam bem''
''Se nem os órgão de segurança estão seguros, como as pessoas normais vão estar?'', disse Amir Mughal, outra testemunha dos ataques de Lahore.
''Nossas crianças vão à escola apavoradas. Nós mesmos não sabemos se voltaremos para casa depois do trabalho''.
''Mas também ficamos motivados ao ver esses soldados. Nós estamos com eles'', disse Shakeel Ahmad, que também estava no local durante os atentados de ontem.