Título: Afastados se consideram injustiçados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2009, Nacional, p. A4

Desembargador diz que está 'cumprindo pena' sem ter sido condenado

O Estado tentou ouvir todos os magistrados afastados recentemente por decisão do CNJ. Os que atenderam à reportagem se consideram injustiçados e prometem provar a inocência. "Não existe nada que possa comprovar essas acusações que me fazem, sequer um tostão entrou na minha residência que não fosse fruto do meu trabalho e do meu marido", diz a juíza baiana Janete Fadul de Oliveira, afastada por suspeita de vender sentenças.

O desembargador Edgard Lippmann Junior, do TRF da 4ª Região, se considera vítima de uma condenação antecipada. "Eu já fui punido, estou cumprindo uma pena há cinco meses sem ter sido julgado em definitivo", afirmou. Ele nega ter recebido dinheiro para favorecer uma casa de bingos.

"Os processos foram feitos para escandalizar, não há prova aqui na Bahia de compra e venda de sentença", reage a juíza Maria de Fátima Carvalho.

Para o desembargador paraibano Marcos Antônio Souto Maior, que antes de ser alvo do CNJ já estava afastado por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o conselho exagera na hora de fiscalizar. Acusado de favorecer um assessor, ele diz ser inocente . "Se chegassem 20, 30, 100, 200 (ações), decidiria da mesma forma."

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Amazonas, o desembargador Yedo Simões disse acreditar que será inocentado. "Até porque não cometi nenhum ato que possa envergonhar a mim, a minha família e a meus amigos", afirmou. "Seremos absolvidos", disse, referindo-se a ele e ao irmão, o juiz Elci Simões, também afastado.

O Estado procurou os demais juízes afastados ou aposentados compulsoriamente. Em alguns casos, as cortes alegaram não ter como localizá-los. Em outros, os juízes ou advogados não responderam.