Título: Atentado contra corpo militar de elite do Irã mata pelo menos 30
Autor: AP ; REUTERS
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2009, Internacional, p. A8

Segundo iranianos, 5 das vítimas eram oficiais da Guarda Revolucionária; Teerã acusa Paquistão e promete vingança

Um ataque suicida no sudeste do Irã, perto da fronteira com o Afeganistão e Paquistão, deixou ontem pelo menos 31 mortos, incluindo 5 oficiais da Guarda Revolucionária, num dos atentados mais ousados contra a instituição militar mais poderosa do país. Outras fontes estimavam o número de mortes em 49. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse ter informações do envolvimento de "agentes de segurança" do Paquistão no ataque e exigiu de Islamabad cooperação com a investigação.

A explosão causada por um homem-bomba na cidade de Pishin também deixou cerca de 30 feridos. Indignados com o ataque - cuja autoria foi reivindicada pelo grupo radical sunita Jundollah (Soldados de Alá) -, as forças de segurança iranianas prometeram vingança.

"O grupo terrorista de (Abdolmalek) Rigi assumiu a responsabilidade pela violência", afirmou a nota das Forças Armadas, em referência ao líder do Jundollah. "Em um futuro não tão distante nos vingaremos." Ahmadinejad, que conta com grande apoio da Guarda Revolucionária, também prometeu revidar a agressão. "Os criminosos receberão em breve a resposta pelos seus crimes."

A emissora de TV estatal afirmou que o Ministério de Relações Exteriores do Irã tem provas de que os autores do atentado chegaram ao país pelo Paquistão. Um diplomata paquistanês em Teerã foi convocado pela chancelaria para discutir o ataque e, segundo o ministério, o funcionário "garantiu" que seu país tomará as medidas necessárias para manter a fronteira entre os dois países segura.

No entanto, a diplomacia paquistanesa negou que integrantes do Jundollah estejam no país. "Estamos lutando para erradicar a ameaça do terrorismo", afirmou Abdul Basit, porta-voz da chancelaria. Segundo a agência de notícias Associated Press, a explosão ocorreu quando militares entravam num complexo esportivo para discutir com líderes tribais a cooperação entre sunitas e xiitas.

Uma outra emissora de TV relatou que o homem-bomba era um dos homens da tribo e tinha explosivos amarrados em seu corpo. O vice-comandante das forças terrestres da Guarda Revolucionária, general Nourali Shoushtari, e o chefe de operações na Província do Sistão-Baluchistão, general Rajabali Mohammadzadeh, estão entre os mortos. O ataque ressaltou a crescente instabilidade no sudeste da República Islâmica, habitado pela minoria sunita iraniana e local de recorrentes confrontos nos últimos anos. A Província do Sistão-Baluchistão tem sido cenário de choques entre forças de segurança, insurgentes baluchi sunitas e traficantes fortemente armados.

PROGRAMA NUCLEAR

Teerã também acusou a rede terrorista Al-Qaeda e os Estados Unidos de darem apoio ao Jundollah. A Guarda Revolucionária também afirmou que a culpa do ataque era da "arrogância global", em uma clara alusão ao governo americano.

Na véspera de um importante encontro entre funcionários do governo iraniano e representantes ocidentais sobre o programa nuclear de Teerã, marcada para hoje em Viena, a resposta de Washington foi rápida.

"Condenamos este ato de terrorismo e lamentamos a perda de vidas inocentes, mas informações de um suposto envolvimento dos EUA são completamente falsas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado Ian Kelly.

A Guarda Revolucionária (mais informações nesta página) é uma força de elite subordinada ao líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei. Seus mais de 120 mil integrantes controlam o programa de mísseis, além das instalações nucleares iranianas. A força também tem unidades terrestres, marítimas e aéreas.