Título: Sorteio de casas vira programa de auditório
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2009, Nacional, p. A4

O presidente Lula transformou em uma espécie de programa de auditório o sorteio das 55 casas da Vila Junco, em Cabrobó, a 586 quilômetros do Recife. É a primeira de 18 vilas produtivas rurais previstas no projeto para abrigar famílias que serão desalojadas pelas obras da transposição do Rio São Francisco.

A programação previa o sorteio simbólico das chaves de três casas, que deverão ser ocupadas até o final deste ano. Diante da euforia do auditório, com 500 pessoas sob o toldo armado pelo Exército, ele se empolgou. "Melhor do que fazer discurso, é melhor sortear todas as casas", afirmou, com total aprovação da comunidade de Cabrobó, Salgueiro e Terranova.

Os governadores de Pernambuco e do Ceará, Eduardo Campos e Cid Gomes, ambos do PSB, os ministros da Integração Nacional, Geddel Vieira, e o da Comunicação, Franklin Martins, além do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e o chefe da comissão de obras da Sétima Região Militar do Exército, coronel Rui Santana de Souza, ajudaram no sorteio, tirando os nomes de um aquário, com a identificação das casas para os moradores.

Completamente à vontade, Lula foi beijado e abraçado pelos sorteados, que subiam ao palco e recebiam, de forma improvisada, não mais a enorme chave simbólica que os três primeiros sorteados ganharam, mas um documento indicando qual a casa em que vão morar.

Marcos Antonio da Silva, sorteado com a casa número 2, tirou o presidente no chão em um forte abraço. Depois pediu "uma salva de palmas em homenagem ao herói brasileiro Lula Inácio da Silva".

Campos, chamado de "Dudu", foi convidado a ajudar no sorteio. "Dudu, fica em pé e vai tirando, vamos lá", dizia. Ao se despedir, Lula afirmou que "foram três dias de muita emoção visitando as obras do São Francisco".

Foram distribuídos copos fornecidos pelos Ministérios da Ciência e Tecnologia e Integração Nacional com a inscrição: "É exatamente isso o que vamos fazer: matar a sede de 12 milhões de pessoas."

INSATISFAÇÃO

Antonio Parente de Sá, de 49 anos, contestou o valor da indenização que o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) oferece pela sua propriedade. Outras dez famílias estariam na mesma situação.