Título: Redução do álcool na gasolina não é consenso no governo
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2009, Economia, p. B20
No Ministério de Minas e Energia, possibilidade é admitida; no Ministério da Agricultura, não
O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimermmann, admitiu ontem que há dentro do governo discussões para reduzir o porcentual de álcool adicionado à gasolina. Hoje, são 25% de álcool anidro colocados na gasolina e o porcentual pode cair até para 20%.
Segundo Zimermmann, a redução seria apenas provisória, diante da atual conjuntura de elevação de preços do açúcar no mercado internacional, por causa da quebra de safra de cana na Índia. "Não há problema com o programa de álcool no País. É apenas um movimento conjuntural para adequar o mercado."
Já em Brasília, o secretário de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, negou essa possibilidade.
A hipótese tem sido especulada pelo mercado depois de o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ter afirmado que o governo poderia tomar uma decisão nesse sentido caso os preços continuassem elevados.
Bertone entende que uma decisão não pode ser tomada apressadamente.
O secretário conversou com a Agência Estado depois de sair de reunião com representantes do Ministério da Minas e Energia, Casa Civil e Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Bertone ressaltou que nenhuma decisão foi nem será tomada nessa instância que tem como objetivo apenas avaliar números do mercado de etanol.
PREÇO
Os preços do combustível nas usinas de São Paulo voltaram a subir, com reajustes de 3,7% para o hidratado e de 1,73% para o anidro. De acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), divulgado ontem, o hidratado foi negociado, em média, a R$ 0,9340 o litro esta semana, ante R$ 0,9007 o litro na semana passada. Já o álcool anidro saltou de R$ 1,0610 para R$ 1,0793 por litro entre os períodos. Os preços não incluem impostos.
Com o reajuste, o anidro atingiu o maior valor nominal nas usinas paulistas desde a semana encerrada em 26 de abril de 2006, quando era cotado a R$ 1,1843 o litro, em média. Já o hidratado tem a maior alta desde 20 de abril de 2007, quando era negociado, em média, a R$ 0,9628 o litro.
Ao contrário das semanas anteriores, quando as chuvas prejudicaram a moagem da cana-de-açúcar e os preços subiram em decorrência da redução da oferta, a alta nesta semana ocorreu pelo crescimento da demanda.
De acordo com a pesquisadora do Cepea/Esalq Mirian Bacchi, os estoques das distribuidoras caíram e as companhias voltaram ao mercado, o que pressionou o preço dos combustíveis. COLABORARAM CÉLIA FROUFE, DE BRASÍLIA, E GUSTAVO PORTO, DE RIBEIRÃO PRETO