Título: Yeda admite ter cometido erros políticos
Autor: Ogliari, Elder
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2009, Nacional, p. A13

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), declarou ontem ter cometido "erros políticos" ao aceitar a indicação do empresário Paulo Afonso Feijó (DEM) como vice-governador em sua chapa, em 2006, e ao comprar uma casa no final da campanha eleitoral.

"Eu deveria ter previsto que qualquer mudança naquele período, para uma governadora ainda não empossada, provocaria desconfianças, mesmo que feito de modo legal, limpo e transparente", afirmou a tucana, a jornalistas convidados para uma entrevista coletiva.

Na terça-feira, Yeda se livrou de um pedido de impeachment apresentado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, que apontou suspeitas de uso de recursos não contabilizados de campanha na aquisição da casa e de participar de um esquema de fraude no Detran-RS, no início da sua gestão.

Na terça-feira, a base aliada fez valer a maioria e arquivou o processo, sob a justificativa de que "não está presente justa causa", porque Yeda é apenas citada por terceiros em gravações e não aparece em interceptações nem documentos participando de irregularidades.

A tucana sustentou que as aquisições que o governo fez para a sua residência particular e para a Casa Branca do Parque Assis Brasil, em Esteio, e o Palácio das Hortênsias, em Canela, foram legais. A oposição questiona a compra de móveis infantis, toalhas e piso emborrachado. "Os servidores que realizaram essas compras são exemplares", garantiu.

"ATESTADOS"

A governadora considera encerrado o período de acusações "infundadas e injustas" da oposição e anunciou que vai participar cada vez mais de atividades públicas. Disse que levará "atestados" - as decisões da Assembleia Legislativa, da Justiça Federal de Santa Maria, que negou pedido de bloqueio de seus bens e de afastamento do cargo feito pelo Ministério Público Federal, e também do Tribunal Regional Federal, que excluiu seu nome da ação de improbidade administrativa contra agentes públicos envolvidos no caso Detran.

"Não há gravações, atos, decretos, leis ou despachos que indiquem qualquer coisa errada feita pela chefe do executivo", defendeu-se.

Acusado por Yeda de praticar oposição "contínua, feroz e ativa", Feijó reagiu por nota, na qual diz que se colocou à disposição para contribuir sempre que chamado. Ressaltou, porém que ele e o partido "pregam a transparência e acreditam que não é por estar no governo que devem rasgar o discurso de campanha ou abrir mão das convicções".