Título: Dilma rebate Serra e insiste na estratégia de comparar Lula e FHC
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2009, Nacional, p. A4
Tucano criticou plano do PT, citando "capitanias hereditárias", e ministra disse que projeto dele é o do ex-presidente
GUSTAVO PORTO e CLÁUDIO DIAS, ESPECIAL PARA O ESTADO, ARARAQUARA
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, rebateu a declaração do governador José Serra (PSDB), que comparou o projeto de continuidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as capitanias hereditárias, do século 16. "É compreensível que Serra, como membro da oposição, não queira a continuidade do governo Lula", afirmou Dilma ontem, em Araraquara, a 270 quilômetros de São Paulo.
"O projeto que ele defende é o do ex-presidente Fernando Henrique", emendou a ministra, durante a pré-inauguração da Arena da Fonte, estádio multiuso com capacidade para 20 mil pessoas e custo de R$ 27 milhões, que está sendo construído com dinheiro do governo federal.
Em encontro do PSDB, ocorrido sábado em Goiânia, Serra havia dito que "o Brasil não se transformou em capitania hereditária". E minimizou a capacidade eleitoral da pré-candidata do PT como beneficiária da popularidade do presidente e de seu estoque de votos. "Lula tem todo o direito de apoiar um candidato. Mas não vivemos num regime de capitania hereditária em que o presidente apoia e automaticamente o candidato está consagrado. O presidente não pode fazer uma nomeação", afirmou o tucano - que ontem preferiu não se manifestar sobre as declarações de Dilma.
TÁTICA REPETIDA
A ministra, por sua vez, deu continuidade à estratégia, já definida pelo PT, de apostar na comparação entre as administrações de Lula e FHC. E partiu para o ataque contra os tucanos, criticando a falta de investimentos no período em que Fernando Henrique foi presidente, entre 1995 e 2002. Após declarar que o governo Lula recebeu "o País numa situação muito difícil", emendou que, "em 2009, é um Brasil diferente, um povo diferente de 2002".
"COM FÉ"
Uma faixa, afixada por petistas, na entrada do estádio dizia: "Dilma Rousseff - 3º mandato do presidente Lula". A ministra negou que esteja em campanha. "Estamos fazendo o que sempre fizemos, olhando nossas obras", disse. "O fato de termos muitas obras para olhar parece que incomoda muitas pessoas."
Apesar da negativa, o clima de campanha prevaleceu. "Tenho certeza que o Brasil não vai parar, vamos com fé e esperança continuar as mudanças do presidente Lula", afirmou. "O governo acumulou uma quantidade de realizações que faz com que as modificações sejam em um patamar superior."
Em seu discurso, a pré-candidata do PT à sucessão presidencial falou sobre a geração de empregos no País. De acordo com Dilma, havia a estimativa de criar cerca de 1 milhão de empregos neste ano, mas a projeção atual indica que deverá "chegar a 1,1 milhão". De janeiro a setembro, segundo a ministra, esse número é de 952 mil.
BATENDO BOLA
O ministro dos Esportes, Orlando Silva, também passou por Araraquara. Bem-humorada, Dilma percorreu o estádio e "bateu bola" com ele. Os dois marcaram um jogo entre o time do governo federal e o do municipal, na Arena, para dezembro. "Eu não sei nada, mas vou apitar a partida", brincou ela.
De Araraquara, Dilma seguiu para São Carlos, outro reduto petista no interior de São Paulo. Lá, a ministra também pregou a continuidade do "projeto de Lula", repetindo a estratégia de comparação com o governo de FHC e mostrando que isso será constante na campanha petista para 2010.
A ministra se reuniu com mais de 30 prefeitos da região e visitou as obras do segundo módulo do Hospital-Escola de São Carlos, em companhia do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A obra, orçada em R$ 79 milhões, deverá ser concluída até o fim do próximo ano.