Título: Cemig inaugura mais uma hidrelétrica
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2009, Economia, p. B15

Nova usina tem participação da Furnas e da Neoenergia

Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), inaugura hoje mais uma usina com participação da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A Usina de Baguari será a 67ª usina de geração de energia onde a Cemig está presente, e contribuirá para o avanço da companhia entre as maiores geradoras do País. Hoje, a estatal mineira ocupa a terceira colocação no ranking. Na distribuição, a Cemig já é líder.

Baguari, em Governador Valadares, foi construída em parceria com a estatal federal Furnas, que detém 15% de participação, e o consórcio privado Neoenergia, majoritário no negócio. A usina, que recebeu R$ 516 milhões em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, tem capacidade para gerar 140 megawatts (MW).

Só hidrelétricas já são 58 no portfólio da Cemig. A empresa tem também quatro termoelétricas e quatro parques eólicos (de energia gerada pela força dos ventos). A capacidade total de geração da companhia já é de 6,7 mil megawatts. Desde 2003, quando Aécio assumiu o governo de Minas, a companhia tem avançado agressivamente no mercado, com aquisições e construções de usinas dentro e fora de Minas.

A Cemig, dizem até os aliados, é a "Petrobrás do Aécio". Graças aos investimentos fora das fronteiras de Minas, a empresa tem garantido exposição ao governador, um dos pré-candidatos tucanos à Presidência.

Aécio não esconde que pretende usar a estatal mineira como bandeira para se defender do da "pecha de privatista", que, afirma, o governo petista tenta colar no PSDB. "A Cemig é um bom exemplo de que uma empresa não é ineficiente por ser estatal", diz.

EXPANSÃO

Desde 2003, a estatal mineira fez sete aquisições fora do Estado, venceu a disputa por hidrelétricas e linhas de transmissão e estreou no mercado internacional. O valor da Cemig, que em 2003 era de R$ 7 bilhões, hoje é de cerca de R$ 20 bilhões.

A estratégia de ampliar as atividades fora de sua área de concessão foi fortalecida em 2006, com a compra de 49,3% do capital da Light, pelo consórcio Rio Minas Energia (RME), formado, além da Cemig, por Andrade Gutierrez, JLA Participações e Pactual Latin America Power Fund, cada um com 25%.

Neste momento, a Cemig negocia a compra das participações da Andrade Gutierrez e do Pactual, negócio estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão, que daria à empresa mineira o controle da Light.

A Cemig também negocia a entrada em um dos consórcios que vão disputar a licitação da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Com potência de 11.233 megawatts, Belo Monte é o maior projeto de energia elétrica do PAC. O valor da obra está estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do governo em R$ 16 bilhões, enquanto os estudos de construtoras interessadas na obra apontam para R$ 33 bilhões a R$ 35 bilhões.

De acordo com informações da Cemig, a Usina de Baguari, que será inaugurada hoje, destaca-se pelo menor impacto ao meio ambiente. O reservatório tem 16 km², uma das menores áreas de lago para essa capacidade de geração, com extensão de 22 km no Rio Doce e 5 km no Rio Corrente Grande.