Título: Assembleia arquiva impeachment contra Yeda
Autor: Ogliari, Elder
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2009, Nacional, p. A8

O plenário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul arquivou ontem o pedido de impeachment contra a governadora Yeda Crusius (PSDB), por acusação de corrupção, que havia sido apresentado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais em 9 de julho. O parecer da relatora Zilá Breitenbach (PSDB), contrário ao processo, foi aprovado por 30 votos a 17.

Na semana passada, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região (RS, SC, PR) já havia excluído a governadora de ação por improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal.

O parecer assevera que "não está presente justa causa a autorizar a admissibilidade do pedido de instauração de processo por crime de responsabilidade contra a governadora". A oposição acusa a tucana de envolvimento em fraude no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) de R$ 44 milhões.

Durante a sessão de ontem, somente os representantes de partidos de oposição subiram à tribuna para pedir a admissibilidade do processo e desafiar os aliados de Yeda a pelo menos defenderem o parecer.

"O parecer é tão constrangedor para o governo que ninguém teve a coragem de defendê-lo", afirmou Raul Pont (PT), que acusou a base governista de cumplicidade com a corrupção no Estado.

A bancada da situação ouviu os discursos, não fez nenhum pronunciamento e, ao final, fez valer sua maioria para livrar a governadora definitivamente do desgaste de um processo.

PROTESTOS

Cerca de 250 pessoas, divididas entre favoráveis e contrários à abertura do processo, ocuparam as galerias da Assembleia e provocaram tensão. Um manifestante jogou um tomate no plenário, quase acertando o deputado Coffy Rodrigues (PSDB), e foi detido pela segurança. Uma pequena confusão entre os dois grupos deixou uma pessoa ferida com arranhões.

Os manifestantes de oposição gritavam "quadrilha" e "cadeia para a máfia do Detran", enquanto os aliados provocavam os petistas com os coros "mensalão" e "Petrobrás".

Batalha política vencida, os governistas cantaram o hino do Rio Grande do Sul com ênfase no verso "sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra", enquanto de dentro do plenário também se ouvia o barulho da queima de fogos de artifício que partidários de Yeda fizeram ao lado do Palácio Piratini.