Título: Senado ouve antichavista antes de voto sobre Mercosul
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2009, Internacional, p. A15

Oposição quer usar perseguição a Ledezma para barrar adesão venezuelana

A dois dias da sessão em que se aprovará ou rejeitará o ingresso da Venezuela no Mercosul, a Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado pretende ouvir hoje o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma. Um dos principais líderes da oposição venezuelana, Ledezma tornou-se vítima de perseguição do presidente Hugo Chávez. O prefeito de Caracas defende a entrada da Venezuela no bloco. A oposição brasileira, porém, quer usar as violações cometidas contra Ledezma como prova de que o governo Chávez é incompatível com o Mercosul.

A audiência de hoje ocorre em um momento crítico para o governo Luiz Inácio Lula da Silva, que luta há três anos para obter a aprovação do Congresso do Protocolo de Adesão, firmado em 2006. A resposta final da CRE, na quinta-feira, surgirá horas antes de Lula encontrar Chávez, em Caracas.

Em setembro, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) concluiu seu relatório sobre a matéria e recomendou a rejeição do ingresso da Venezuela. No parecer, ele apontou o suposto desajuste de Caracas à cláusula democrática do Mercosul e sua influência prejudicial à integração regional.

O senador anexou um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) que enumera uma série de violações de regras básicas da democracia pelo governo Chávez, como a perseguição a meios de comunicação, a falta de independência do Judiciário e o cerceamento de atividades da oposição.

PERSEGUIÇÃO

A tese de Jereissati será endossada pelo caso de perseguição contra Ledezma, que foi eleito em novembro de 2008. Desde então, decretos chavistas reduziram as atribuições e recursos da prefeitura. Ledezma perdeu o controle da Polícia Metropolitana, de 93 escolas, 30 hospitais e da sede da prefeitura.

"Chávez promoveu o estrangulamento financeiro de Caracas porque a cidade é governada pela oposição", afirmou o prefeito ao Estado, em setembro. "Essa situação reflete o que acontece na Venezuela: o abuso de poder e a presença do braço autoritário. É patético."