Título: Sem-terra marcam ato perto da Cutrale
Autor: Monteiro, Tânia ; Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2009, Nacional, p. A4

Um dos objetivos será a denúncia da grilagem de terras na região de Iaras

Militantes e simpatizantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) vão realizar amanhã um ato em defesa da reforma agrária na região na Iaras, interior de São Paulo. O ato ocorrerá nas proximidades da fazenda da Cutrale que, após ter sido invadida, em setembro, teve parte de sua plantação de laranjas destruída por um trator. As imagens da destruição do laranjal, captadas pela Polícia Militar e reproduzidas pelas emissoras de TV, provocaram uma onda de indignação e favoreceram a criação da CPI do MST, cuja instalação deve ocorrer nos próximos dias.

De acordo com a assessoria do MST, um dos principais objetivos do ato de amanhã será a denúncia da grilagem de terras públicas na região de Iaras. A fazenda da Cutrale está instalada numa área reivindicada na Justiça pelo Incra como terra devoluta. No total, são quase 40 mil hectares em disputa. Em alguns casos o governo federal já obteve ganho de causa e destinou as terras para a reforma agrária. Cerca de 350 famílias foram assentadas na região. O ato de amanhã ocorrerá num dos acampamentos já existentes, o Zumbi dos Palmares, às 14 horas.

A insegurança quanto à titularidade das terras levou o MST para a região em 1995. Segundo números da organização, hoje 450 famílias estão acampadas por ali, à espera de lotes da reforma agrária.

De acordo com José Batista de Oliveira, porta-voz da coordenação nacional do MST, o ato servirá para "mostrar a realidade das famílias que lutam naquela região e denunciar a morosidade do governo em resolver a situação e a ação criminosa das empresas grileiras".