Título: É chance de enquadrá-lo, diz prefeito de Caracas
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2009, Nacional, p. A7

Um dos quadros mais fortes na oposição ao presidente Hugo Chávez, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, quer que o Congresso brasileiro amplie o Mercosul não para simplesmente acolher, mas para "enquadrar" o governo da Venezuela. Convidado para a audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, ele falou por três horas, enumerando fatos e situações que, a seu ver, comprovam que seu país não vive uma democracia.

Ledezma pediu que o Senado não confunda o povo e o Estado com o governo venezuelano e aceite seu país no bloco, listando as exigências que terão de ser cumpridas por Chávez. Ao longo de sua fala, de pouco mais de 15 minutos, ele deixou claro que, se a Venezuela ficar fora do Mercosul, a oposição a Chávez sairá derrotada. "Dar vitória ao Chávez lá, nós também não queremos", concluiu o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), admitindo rever o relatório que propõe o veto ao país no Mercosul.

O tucano pediu aos senadores que adotem uma "fórmula" conciliatória. "Que a Venezuela se enquadre ao Mercosul e a incorporação do Estado seja condicionada ao acatamento e respeito do governo aos protocolos assinados", destacou.

Ledezma disse que é um defensor da integração e ponderou que, "quanto mais isolado estiver o presidente Chávez, mais perigoso ele será para a integração e a paz". Citou o exemplo de Israel, ponderando que não tem como cobrar os acordos com o Estado israelense porque nem embaixador daquele País a Venezuela tem.

O prefeito também convidou os senadores a visitarem seu país para confirmar o depoimento. A sugestão reforça proposta de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Heráclito Fortes (DEM-PI) para que uma comissão de cinco parlamentares viaje à Venezuela e traga informações sobre a situação política do país.