Título: Falta de informação sobre cursos gera recusas
Autor: Mandelli, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/2009, Vida&, p. A18

Alunos de cursos a distância de diversas áreas relatam algo em comum: o receio de ser discriminado. Quando buscava um estágio, a secretária Sônia Martins, de 24 anos, que cursa Gestão Pública a distância pela Faculdade de Tecnologia de Curitiba, ouviu de uma funcionária da Subprefeitura de Santo Amaro (SP) que seu diploma não seria aceito nem para concurso público. "Fiquei chocada." Apesar de a Prefeitura de São Paulo afirmar que não faz restrições, Sônia se sentiu discriminada.

Neusa Bastos Garcia, de 60 anos, tentou trocar seu curso de Pedagogia a distância por um presencial após saber de casos em que o diploma foi recusado na rede municipal. "Minha transferência não foi aceita." Ela teme ter perdido tempo e dinheiro.

Alunos de Biologia prestes a se formar também temem dificuldades para obter o registro. Roger Maciel, de 30 anos, acha que o preconceito com ensino a distância é um retrocesso. "Parece que estão fazendo reserva de mercado." Helen Borges, de 22 anos, do mesmo curso, concorda. "Não posso ser rotulada. Tem aluno bom e ruim em todo tipo de ensino."

A discriminação, segundo especialistas, é baseada no fato de a educação a distância ser encarada como novidade. "É a questão do desconhecido que causa isso", diz Masako Masuda, presidente da Cederj. Para pesquisadores, o preconceito é fundamentado na ideia elitizada do ensino. "A greve na USP contra ensino a distância é um exemplo", diz Fredric Litto, presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância. "A USP foi feita para preparar uma elite, só que a sociedade cresceu e não há dinheiro para esse modelo."