Título: Alemanha mantém 17 mil ex-agentes da Stasi
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2009, Internacional, p. A18
Duas décadas após a queda do Muro de Berlim, a Alemanha ainda tenta lidar com os saldos deixados pelo regime comunista que comandou o leste do país. Um levantamento feito pela Universidade Livre de Berlim apontou que mais de 17 mil ex-agentes da Stasi, a temida polícia secreta da Alemanha Oriental, fazem parte hoje do quadro de funcionários públicos do governo alemão, ocupando cargos na polícia e em escolas. A influência da Stasi na vida dos alemães orientais foi revelada depois da reunificação da Alemanha, em 1990, quando os arquivos secretos vieram a público. Casos chocantes, como o de um marido que espionava a mulher dissidente ou uma mãe que entregou o próprio filho, são algumas das histórias envolvendo a polícia secreta comunista.
"A Stasi mudou o curso da vida de muitas pessoas", disse Irmtraut Hollitzer, do museu da polícia secreta em Leipzig. "Os arquivos mantidos sobre a população são como roteiros da vida desconhecidos por seus protagonistas."
A Stasi era uma das principais fontes de emprego na Alemanha Oriental, com 97 mil funcionários formais e outros 173 mil informantes, fazendo da República Democrática da Alemanha (RDA) uma das sociedades mais monitoradas dos tempos modernos. Os métodos de espionagem eram sofisticados e iam desde elaborados disfarces até câmeras escondidas e escutas telefônicas