Título: Cai desmate na Amazônia
Autor: Netto, Andrei ; Escobar, Herton
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2009, Vida&, p. A16

Em setembro, região registrou queda de 31,8%

O desmatamento da Amazônia em setembro atingiu 400 quilômetros quadrados, uma queda de 31,8% em relação ao mesmo mês de 2008, quando a derrubada da floresta chegou a 587 km². O governo comemorou ontem a queda, especialmente porque, faltando pouco mais de um mês para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), o País ainda não tem metas de redução na emissão dos gases-estufa.

"É o menor desmatamento verificado em setembro desde o início do monitoramento pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, que começou a operar por satélite em 2004)", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A comemoração teve ainda outro motivo. A visibilidade em setembro foi uma das melhores - menos de 18% do território da Amazônia Legal estava coberto por nuvens, o que permitiu maior precisão dos dados.

De janeiro até setembro deste ano, a redução do desmatamento foi de 54%, com 2.855 km² de florestas derrubadas, contra 6.262 km² no mesmo período do ano passado.

Por Estado, o levantamento feito pelo Inpe mostra que, em Mato Grosso, a queda no índice de desmatamento foi de 38%; em Rondônia, de 22%; no Amazonas, 33%; no Maranhão, 86%. O Estado do Pará apresentou aumento do índice de desmatamento de 4,7%. "O Pará é sempre um problema", disse Minc. "É grande, tem estradas e muita pressão política", afirmou.

No Acre, o índice verificado em setembro foi de 9 km² desmatados ante 8 km² do mesmo período do ano passado. Em Roraima, foram desmatados em setembro 7 km² contra 0 km² de 2008 - esse dado, porém, pode não ser preciso, pois, na época, o Estado estava coberto por nuvens. No Tocantins, o desmatamento caiu de 2 km², em setembro de 2008, para 1 km² no mesmo período deste ano. E no Amapá, Estado que teve 66% de sua área coberta por nuvens, o desmatamento foi zero.

Para Minc, a queda deverá se manter até o fim do ano. Ele atribuiu o índice decrescente ao fato de todos os órgãos de repressão do governo atuarem em conjunto.

"Trabalhamos com informações colhidas previamente. Quando me dirijo a uma serraria, já sei qual é o crime que ela cometeu", disse o delegado da PF Alcir Amaral Teixeira, que chefia a Operação Arco de Fogo, iniciada há 18 meses nos municípios amazônicos que mais desmatam.