Título: Crédito pode fazer o PIB surpreender, diz economista
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2009, Economia, p. B1

De 2004 para cá, a relação entre crédito e Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil quase dobrou, de 24% para 45,7%. Com isso, o crescimento do País passou a depender mais da concessão de empréstimos, como ficou claro na crise global - o crédito secou, a economia despencou. Como a expectativa para 2010 é positiva, a surpresa pode se dar no sentido contrário, disse o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

"O PIB pode surpreender para cima", afirmou ele, que hoje projeta uma expansão da economia de 5,6% no ano que vem. Borges fez um estudo, obtido com exclusividade pelo Estado, para medir o impacto do crédito no avanço da economia.

A partir do trabalho, ele criou o que batizou de "Índice de Potência do Crédito". O indicador relaciona o crescimento real das concessões de crédito no País com a penetração dos empréstimos na economia. A conclusão é que há forte correlação entre crédito e a demanda doméstica, principal responsável pela expansão do PIB.

Borges calcula para 2010 uma alta de 6,4% das novas concessões em termos reais, ou seja, descontada a inflação - ante uma queda de 5% em 2009. "Assim, tem-se a sinalização de que a demanda interna poderá crescer quase 10% em 2010", disse.

O economista Demian Fiocca, presidente do Banco Nossa Caixa, também destaca a relevância cada vez maior do crédito para o crescimento brasileiro. "Uma expansão de 20% do crédito em 2010, como a que projetamos para o sistema, é muito mais potente do que um crescimento de 25% em 2004, quando o atual ciclo econômico começou", observou.

Para ele, se esse ciclo se prolongar pelos próximos 10 anos, a economia brasileira estará, ao seu final, muito mais próxima do nível dos países mais desenvolvidos do que dos países menos desenvolvidos. "Continuando nessa trilha, é razoável supor que a relação crédito/PIB no Brasil vai se estabilizar ao redor de 80%", disse.