Título: Taleban declara-se grande vitorioso
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2009, Internacional, p. A15

Após campanha de boicote à eleição, radicais rejeitam convite de Karzai e festejam cancelamento de 2.º turno

O presidente reeleito do Afeganistão, Hamid Karzai, disse ontem que gostaria que seu novo governo tivesse a participação de representantes de todo o país, incluindo o Taleban - a oposição armada. "Todos os que quiserem trabalhar comigo serão mais que bem-vindos. Fazemos um chamado para nossos irmãos taleban para que voltem ao país e abracem sua terra", afirmou.

O Taleban refutou a proposta, afirmando que Karzai era um "presidente marionete". Um comunicado do grupo dizia que "o cancelamento do segundo turno da eleição demonstrou que as decisões do Afeganistão são tomadas em Washington e Londres antes de serem anunciadas em Cabul".

A milícia proclamou-se ainda a grande vitoriosa da eleição, já que a anulação mostrou que seus esforços para minar a votação foram bem-sucedidos. "Nossos bravos mujahedin conseguiram atrapalhar o processo eleitoral." "Nem mesmo os ataques aéreos impediram os atentados dos mujahedin", dizia o comunicado.

A reeleição de Karzai foi confirmada pelas autoridades no domingo, após seu rival, o ex-chanceler Abdullah Abdullah, ter desistido de disputar o segundo turno, sob a alegação de que a votação não seria transparente. Em seu discurso, o presidente afegão também prometeu banir a corrupção.

SEM ENTUSIASMO

É improvável que os países europeus enviem mais tropas ao Afeganistão, disse ontem o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. "Não há um grande entusiasmo para o envio de mais militares ao Afeganistão. Essa é a posição da opinião pública na Europa."

Pesquisas de opinião entre europeus mostra que a maioria é a favor de uma retirada do conflito. Atualmente, há no território afegão cerca de 67 mil soldados americanos e 42 mil de países da coalizão.