Título: Após denúncia, parlamentares pedem mais rigor com Funasa
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2009, Nacional, p. A4

Reportagem do ""Estado"" mostrou que, em meio a operação, PF investiga irmão do presidente do TCU

Parlamentares de partidos de oposição defenderam ontem o aprofundamento das investigações da Operação Fumaça, da Polícia Federal e do Ministério Público, sobre o desvio de verbas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

De acordo com a investigação, revelada em reportagem ontem do Estado, a Funasa - órgão do Ministério da Saúde que financia projetos de saneamento básico e saúde indígena - teria se transformado num balcão de negócios.

Entre os investigados, estão Guaracy Aguiar, ex-coordenador da Funasa no Ceará e irmão do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, e o atual presidente do órgão, Danilo Forte. Ambos foram indicados para o cargo pelo PMDB.

"A Funasa hoje é uma instituição sob dúvida, sub judice. Ela merece uma investigação como um todo", afirmou ontem o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). "Tudo que é denúncia de eventual corrupção e mal uso de recursos públicos tem que ser objeto de investigação", disse o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).

Historicamente dominada por indicações políticas, a Funasa é hoje um feudo do PMDB. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já admitiu que a entidade é um "foco de corrupção". "Não sei nada sobre essa investigação da PF. Mas o Danilo e Guaracy foram indicados pelo PMDB", admitiu ontem o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Presidente do PMDB do Ceará, o deputado Eunício Oliveira disse conhecer a operação da PF no Estado. "O que eu sei é que a Polícia Federal fez uma apreensão em uns três ou quatro municípios. É um processo antigo da PF." Segundo ele, a operação é da época em que a Funasa era presidida por Paulo Lustosa, não por Danilo Forte. E frisou que não foi o PMDB do Ceará que indicou Aguiar para a coordenação da fundação no Estado.

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), fez questão de observar que a liberação dos recursos era para prefeituras ligadas ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). As conversas gravadas pela PF revelam condução política na liberação de convênios. Numa ligação com seu adjunto à época, Aguiar se irrita ao saber que seriam liberados recursos para cidades cujos prefeitos eram aliados do senador.

Aguiar é apontado pelas investigações como integrante da cadeia de comando do clientelismo, liberando verbas e atestando como prontas obras inacabadas. Forte é citado nas ligações por representantes de empreiteiras e funcionários da Funasa como facilitador na liberação de verbas a obras sob suspeita.