Título: Jovem diz que unificação foi desastre para sua família
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2009, Internacional, p. A13
A memória dos tempos de repressão da República Democrática Alemã (RDA) é inexistente na vida de Kita Schröter, de 29 anos. Nascida e criada na Alemanha Oriental, a jovem estudante de literatura guarda apenas boas lembranças do regime comunista e não esconde sua saudade daqueles dias. "Era um sistema que funcionava bem", afirmou Kita. "Minha família e eu morávamos a 20 metros do Muro, mas nem percebíamos a separação do país porque não éramos afetados diretamente por ela."
Kita tinha só 9 anos quando o Muro caiu, mas mesmo assim defende o governo oriental e critica a reunificação da Alemanha, em 1990. Ela ainda não se acostumou à variedade de produtos e é contra tanta oferta nas prateleiras das lojas. "Uma das coisas que mais me irrita é ir ao supermercado e ter 20 marcas de manteiga para escolher. Antes era só uma, então tínhamos um problema a menos."
A família da estudante foi duramente afetada pela queda do Muro. A mãe, jornalista, e o pai, que trabalhava em uma gráfica, foram demitidos imediatamente após o fim da divisão do país. O pai - cuja gráfica fazia trabalhos esporádicos para a Stasi, a polícia secreta da RDA - nunca mais encontrou emprego e começou a beber. "Foi um desastre para nós."