Título: Dilma quer responsabilidade do PT para aliança com PMDB
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2009, Nacional, p. A9

Na terça, ela fará apelo para que candidatos passem a borracha em divergências regionais

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cobrará do PT "responsabilidade" para não pôr a perder o apoio do PMDB à sua candidatura ao Palácio do Planalto. Em reunião marcada para terça-feira à noite com os presidentes de diretórios estaduais do PT, deputados, senadores e o Grupo de Trabalho Eleitoral, Dilma vai apelar para o enquadramento. Ela quer que pré-candidatos aos governos ou mesmo ao Senado, em Estados cobiçados pelo PMDB, passem a borracha em divergências regionais e desistam de enfrentar os peemedebistas.

O argumento do Planalto é que todo esforço deve ser feito para garantir a aliança com o PMDB na corrida à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. Na quarta-feira, dirigentes do PMDB deram um ultimato aos petistas e disseram que precisam do apoio do PT a seus candidatos em cinco Estados: Minas, Rio, Ceará, Pará e Mato Grosso do Sul.

Em tom de advertência, o grupo afirmou que, se o PT "roer a corda" em apenas dois Estados, a parcela do PMDB favorável à candidatura do governador José Serra (PSDB) - hoje minoritária - poderá atrair descontentes e ganhar "de virada" a convenção do partido, em junho.

Dilma acredita que é possível chegar a um acordo mais rápido em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do País. O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) - um dos coordenadores da pré-campanha da ministra - quer disputar a cadeira do governador Aécio Neves (PSDB). Enfrenta, porém, dois adversários. Na seara doméstica, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), e, nas fileiras do PMDB, o titular das Comunicações, Hélio Costa.

Na avaliação do governo Lula, Costa pode até mesmo aceitar concorrer ao Senado, mas quer "atenção" do PT e um sinal de que terá apoio unificado do partido. "Os Estados precisam se submeter à lógica nacional. Devemos fazer tudo para eleger a companheira Dilma", diz o deputado José Genoino (PT-SP).

A campanha da chefe da Casa Civil, atualmente, é embalada pela eleição direta - com voto dos filiados - que renovará as cúpulas do PT em âmbito nacional, estadual e municipal, no próximo dia 22.

No mosaico ideológico do petismo, as correntes medem forças para controlar diretórios e a nova configuração do partido influenciará a definição de candidaturas. A exemplo de Lula, Dilma insistirá para que o PT evite prévias e brigas na escolha de seus concorrentes.

Na prática, a reunião com os comandos estaduais do PT, na terça-feira, representa mais um passo na estratégia para aproximar a ministra - considerada cristã-nova no partido - das fileiras petistas. Depois de comparecer hoje, ao lado de Lula, ao 12º Congresso do PC do B, em São Paulo, Dilma também será a convidada de honra do encontro de prefeitos do PT, amanhã, em Guarulhos. Mais uma imagem para a propaganda eleitoral.