Título: Democracia ainda é adolescente, diz eurodeputado
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2009, Internacional, p. A14

Húngaro que foi a Praga participar de protestos teme crise econômica

Em 1989, o húngaro Tamás Deutsch, então com 23 anos, decidiu deixar sua casa em Budapeste para acompanhar de perto os protestos na região. O jovem foi preso e torturado em Praga antes da Revolução de Veludo. Hoje, 20 anos depois, Deutsch é deputado no Parlamento Europeu e admite que a democracia na região ainda é uma "adolescente" que precisa amadurecer. Segundo ele, a região vive seu "pior momento" desde 1989.

Deutsch foi eleito para o Parlamento húngaro em 1990, tornando-se um dos deputados mais jovens de todo o Leste Europeu. Desde então nunca deixou a política e chegou a ocupar cargos ministeriais no governo de direita. "Queria há 20 anos o mesmo que quero agora: a liberdade", diz o deputado.

Com um ar de Che Guevara e os mesmos cabelos longos de 1989, Deutsch faz parte de um partido de direita atacado por medidas populistas. "O que vimos nos últimos 20 anos é que a liberdade não é algo que se conquista uma vez só e depois há uma garantia de que ela estará lá sempre. Pelo contrário. Temos de lutar todos os dias por ela, para que permaneça viva."

Ele ainda se queixa de que, 20 anos depois, muitos dos membros do regime comunista na Hungria continuam no poder, agora com uma roupagem democrática.

"Nossa democracia é como um adolescente com os problemas de um jovem que começa a sair: volta bêbado, se revolta, fuma. Mas, como pai, você não deixa de amá-lo. Não vou dizer que lamento que tivemos a democracia, mas ela precisa agora amadurecer." Questionado se está satisfeito com os avanços no Leste Europeu em duas décadas, ele aponta importantes problemas ainda, mas insiste que a queda do regime comunista foi "uma grande conquista".J. C.