Título: Após euforia da Revolução de Veludo, checos estão frustrados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2009, Internacional, p. A14

Reformas caminham lentamente; Democracia precisa amadurecer, diz eurodeputado; Havel analisa fim do regime

Em novembro de 1989, o regime comunista da Checoslováquia não teve nem tempo de assimilar as mudanças que vinham da Alemanha Oriental. O governo caiu em menos de um mês, sem um único tiro, atropelado pelas manifestações. O líder dos protestos foi o escritor Vaclav Havel, que se elegeu presidente em dezembro daquele ano e comandou, em 1993, a cisão pacífica entre a República Checa e a Eslováquia. Hoje, aos 73 anos, ele faz coro com a maioria da população do Leste Europeu, insatisfeita com a lentidão do avanço econômico, e admite que as reformas estão levando mais tempo do esperava.

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A ausência de violência e a suavidade da transição na Checoslováquia em 1989 levaram a imprensa a batizar o movimento de "Revolução de Veludo". No início, porém, o clima era de tensão. Dias após a queda do Muro de Berlim, uma manifestação pacífica de estudantes foi violentamente reprimida em Praga. Imediatamente - ninguém sabe ao certo como - surgiu o boato de que um jovem teria morrido. Estudantes e atores começam então uma greve que teve um efeito dominó.

Os jovens visitaram fábricas e conquistaram o apoio dos operários. Jornalistas e técnicos de TV também aderiram, o que na prática acabou com a censura. Depois de três dias de tumulto, 100 mil pessoas participaram de um protesto na principal praça da capital. Foi a primeira de uma sequência de manifestações em Praga, Bratislava, Brno e Ostrava. O cardeal Frantisek Tomasek deu o aval da Igreja ao movimento e, no dia 30 de novembro, três semanas após a queda do Muro, a barreira de arame farpado foi retirada da fronteira com a Áustria.