Título: Países da Cortina de Ferro levarão mais de 10 anos para alcançar padrões da UE
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2009, Internacional, p. A18

Mais um década e uma verdadeira fortuna. Isso é o que ainda pode custar para os cofres de Bruxelas a integração completa do Leste Europeu e a tentativa de fechar as feridas de 50 anos anos de ditaduras comunistas. Ninguém nega que a expectativa de vida começa a aumentar nos países que faziam parte do bloco soviético. No entanto, as disparidades entre o interior da região e o restante da Europa ainda são profundas e a atual crise financeira ameaça colocar em marcha lenta a transformação da região. Hoje, a renda média dos cidadãos do Leste Europeu ainda é a metade do que ganha um cidadão na França, Alemanha ou Grã-Bretanha.

Há cinco anos, a União Europeia (UE) superou uma divisão de décadas ao reunificar a Europa Ocidental aos países do Leste que permaneciam sob o olhar e as armas soviéticas desde o final da 2ª Guerra. Bruxelas já gastou, aproximadamente, US$ 74 bilhões em infraestrutura e em projetos para dar qualidade de vida à região. Em 2004, quando a ampliação da UE ocorreu, a expectativa de vida na Europa Ocidental era de 75,3 anos. Na Polônia, era de 70 anos. Esses números permaneceram inalterados.

Segundo o Instituto Vienense de Economia Internacional, em 2015, apenas dois dos dez países que aderiram à UE terão um nível de renda perto da média europeia: Eslovênia e República Checa. Mas, de cada oito pessoas do Leste, sete terão um nível de renda abaixo de 75% da renda média da Europa. Em 1999, a renda média do Leste Europeu representava 40% da média da UE.

A avaliação de Bruxelas, portanto, é que a integração do Leste à Europa Ocidental ainda levará mais de uma década para ser completada em termos sociais e econômicos. Isso sem contar os efeitos da crise.

PRECEDENTE

Não é a primeira vez que a UE se depara com a necessidade de ajudar novos membros. A diferença, porém, é que o bloco já não pode mais gastar o mesmo volume de recursos que despejou em Portugal, Espanha e Grécia nos anos 80. Naquele momento, os recursos tiveram resultados. Na Espanha, até a média de altura da população foi elevada em 3 centímetros, 20 anos depois da adesão à UE.