Título: Crise freia fluxo europeu do Leste para o Ocidente
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2009, Internacional, p. A13

Desemprego impulsiona milhões de romenos, poloneses e outros imigrantes da Europa Oriental a retornar a seus países de origem

Sem salários que acompanhem o aumento dos preços e sem uma rede social eficiente, o Leste Europeu sofreu nos últimos anos uma verdadeira drenagem de sua população na direção da Europa Ocidental.

Cerca de 2 milhões de romenos deixaram o país desde sua adesão à UE, em 2007 - 10% da população total. A romena Teodora Petri, que trabalha em Barcelona, é uma das que acreditam que tomou o caminho certo ao deixar Bucareste. "Saí da Romênia para ter uma vida melhor. Lá, não ganharia mais de 100 por mês".

Na Polônia, a situação é semelhante: outros 2 milhões de cidadãos já deixaram o país, principalmente rumo à Grã-Bretanha. Grupos de defesa de direitos humanos alertam que muitos desses poloneses estão sendo explorados, com salários baixos e condições precárias.

A situação ficou ainda mais crítica este ano, com a crise econômica. Muitos, agora, começam o caminho de volta para Varsóvia.

Números na Espanha representam bem a situação atual dos romenos, poloneses e outros estrangeiros do Leste no país. A taxa de desemprego entre os imigrantes está em 28%, enquanto a taxa é de 16% entre os espanhóis. Nos primeiros sete meses do ano, o número de estrangeiros que entrou no país caiu em 40% em relação ao mesmo período de 2008, segundo do Ministério do Interior.

Na Grã-Bretanha, pesquisas mostram que com a recessão de 2008, a queda na entrada de imigrantes do Leste foi de 44% no ano passado. Já o número de estrangeiros que deixou o país aumentou em 50%.

Para o Instituto para Pesquisa de Políticas Públicas, a combinação entre recessão e novas barreiras impostas pelos governos está provocando a queda do fluxo migratório em direção à Europa Ocidental. Essa combinação é bastante evidente na Itália, onde a redução da entrada de imigrantes foi de 92% desde maio, quando entrou em vigor uma nova lei endurecendo o controle sobre estrangeiros.

Mas a rejeição aos estrangeiros também ganha força nos países do Leste. Uma pesquisa do Pew Center indicou que a rejeição à imigração é duas vezes maior no Leste do que na Europa Ocidental.

Na Hungria, partidos de extrema direita ganham força, com um discurso xenófobo. Já o governo checo está pagando a ucranianos, moldavos e outros imigrantes que queiram retornar aos países de origem.