Título: Em Londres, investidores criticam taxa do IOF
Autor: Milanese, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2009, Economia, p. B13

Gestores dizem que, enquanto durar o imposto, darão preferência aos ADRs

O evento que marcou a chegada da BM&FBovespa a Londres, com a abertura de um escritório, veio embalado por toda a pompa da City (o centro financeiro londrino), mas cercado por muita reclamação sobre a taxação do capital externo. O palco foi a Mansion House, residência oficial do prefeito da City. O almoço para cerca de 250 pessoas teve direito a todas as formalidades habituais dos ingleses. O brinde à rainha, praxe nos eventos, foi feito pelo presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto. As boas-vindas foram dadas pelo próprio prefeito da City, Ian Luder.

O principal assunto entre os participantes era o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o mercado de renda variável. As reclamações entre os investidores, alheios à discussão sobre uma possível bolha nos emergentes, eram generalizadas.

Gestores de recursos ouvidos pela Agência Estado afirmaram que, enquanto o imposto durar, darão preferência aos ADRs (american depositary receipts, como são chamadas as ações de empresas não americanas negociadas nas bolsas dos EUA). Eles acreditam que os bancos passarão a oferecer produtos de derivativos de balcão aos investidores, como forma de driblar o IOF. Os investidores se mostraram inconformados com a decisão do governo - sem levar em consideração que medidas para conter a apreciação de moedas emergentes possam ser discutidas neste fim de semana pelos ministros do G-20 reunidos na Escócia.

Também participaram do evento o presidente do BNDES), Luciano Coutinho, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "O evento tem um significado simbólico importante, porque o BNDES e a BM&FBovespa são os dois grandes agentes de financiamento do Brasil, não só no presente como no futuro", disse Meirelles. O escritório da BM&FBovespa será comandado pela executiva Cathryn Lyall.

CAPITAL ESTRANGEIRO

O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, espera que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) seja retirado dos IPOs antes da próxima operação. "Não tenho informações sobre isso do governo, mas tenho esperança." O pedido da Bolsa é para que seja isento da taxação de 2% o capital estrangeiro destinado às aberturas de capital e também às transações de follow-up das empresas. Ele contou que não recebeu do governo nenhum pedido de contrapartida para uma eventual alteração da medida.

Pinto disse não ter previsão de prazo para uma possível revisão do IOF. "Quando perguntei ao (ministro Guido) Mantega sobre prazo, não vi nenhum músculo da face dele se mover, ele ficou estático." Segundo o presidente da BM&FBovespa, o imposto já gera impacto sobre o mercado brasileiro. Segundo ele, o volume de alguns ADRs triplicou desde o início da taxação. Pinto contou que, até então, estava otimista com a perspectiva para novos IPOs no Brasil.