Título: Lula ataca de italiano com Serra
Autor: Pamplona, Nicola ; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2009, Nacional, p. A9
O discurso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, pintou o panorama econômico do Brasil para empresários italianos e brasileiros, reunidos ontem em evento na capital paulista. Não se esperava, porém, que os números de Mantega fossem o início de um duelo de palavras e origens entre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lado a lado no evento, mas em campos políticos opostos, eles discursaram com 2010 nas entrelinhas.
Serra deu as boas-vindas em bom italiano aos empresários. Em seguida, em claro português, sublinhou a importância da presença italiana no Estado, gancho que o levou a contar a história de seu pai, originário de Corigliano, na Calábria, sul da Itália. Então, o governador discordou da avaliação de Mantega.
"O ministro Guido Mantega fez aqui uma excelente exposição a respeito das condições básicas da economia brasileira. Estou 95% de acordo com o panorama que ele esboçou aqui de forma muito apropriada", disse, sem citar quais seriam os 5% que faltam para o consenso.
Serra encerrou o discurso sem citar Lula, mas o presidente começou sua fala, sorrindo, com referência direta a Serra. "Queria dizer ao Paulo (Skaf, presidente da Fiesp) que é importante ele parar de me convidar para vir aqui. Daqui a pouco estou vindo mais na Fiesp do que na CUT (Central Única dos Trabalhadores). E toca que o Serra vai querer visitar a CUT mais do que eu, é preciso certo equilíbrio."
Poucos minutos depois, entre elogios à Itália e uma defesa sucinta de um Estado "indutor, regulador", Lula brincou com a crítica de Serra - os 5% que faltaram para o consenso econômico. "Eu vou tentar não falar de macroeconomia porque o Serra discordou 5% do Guido. E ele pode querer discordar um pouco mais de mim, 6%, e aí nós vamos criar uma inimizade à toa. Então não vou falar de macroeconomia para ele concordar 100% comigo aqui", observou.
Ao finalizar sua fala, o presidente atacou de imigrante italiano - para não ficar atrás de Serra. "Dizem até, Serra, que meu Silva tem origem em "Chelva", lá de Milão", disse Lula, carregando em um falso sotaque milanês. "Parece que essa foi uma forçada de barra, mas eu sair daqui sem dizer que tenho alguma relação histórica com a Itália seria muito difícil", brincou