Título: Para UDR, alto preço da terra atrai invasores
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2009, Nacional, p. A4

Líder ruralista acusa sem-terra de ocupar e depois vender, por isso, procuram áreas mais valorizadas

Na avaliação da União Democrática Ruralista (UDR), o aumento das invasões em São Paulo está relacionado ao alto valor da terra no Estado. Para o vice-presidente da entidade, Guilherme Prata, a facilidade para negociar áreas de assentamentos é um atrativo para os sem-terra. "Quem for ao Pontal do Paranapanema consegue comprar mil alqueires sem nenhum problema", disse ele. "Eles querem invadir onde a terra é mais cara. Ocupam e vendem."

Prata contestou análises de líderes de sem-terra e estudiosos da questão agrária, segundo as quais a intensificação dos conflitos estaria relacionada ao avanço do cultivo da cana. "Isso é conversa fiada. A cana só amplia o emprego no campo."

Para o líder ruralista, as invasões no Estado aumentam a visibilidade do MST. Ele também criticou o uso da expressão ocupação para designar as ações dos sem-terra. "É um absurdo falar que estão ocupando. Se entrarem na sua casa, você vai dizer que estão ocupando ou invadindo? Também é um absurdo chamar os sem-terra de trabalhadores rurais. São um bando de vagabundos. Quem é trabalhador está trabalhando."

CONTRAOFENSIVA

O levantamento que mostra a intensificação das ações dos movimentos de sem-terra em território paulista confirma outro estudo, realizado também pelo Nera, segundo o qual o maior número de ocupações de propriedades rurais registrado no País no período de 1988 a 2008 ocorreu no Estado de São Paulo. Foram 1.186 ocupações em 20 anos.

Em segundo lugar na lista dos Estados com mais invasões aparece Pernambuco, que tradicionalmente ficava em primeiro. Naquele Estado foram observadas 1.177 ocupações no mesmo período.

No texto de apresentação do levantamento, o geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, do Nera, afirma que os dados apontam para a necessidade de se discutir o modelo agrário do País.

"O Estado de São Paulo é paradigmático para explicar a questão agrária atual representada pela intensificação da conflitualidade entre campesinato e agronegócio", diz ele. "Em São Paulo temos uma das agriculturas mais modernas e o maior número de ocupações terras. O Estado de Pernambuco é o segundo com maior número de ocupações, sendo o Nordeste a região onde a luta pela terra é mais intensa. Estas são duas evidências da atualidade da reforma agrária."

Para Fernandes, as ações dos sem-terra estão ligadas à expansão do agronegócio, ampliando seu controle sobre a terra. "Evidente que, para resistir, os camponeses passaram a ocupar os territórios do agronegócio numa ação contraofensiva."

FRASES

Guilherme Prata Vice-presidente da UDR

"Quem for ao Pontal do Paranapanema consegue comprar mil alqueires sem nenhum problema. Eles querem invadir onde a terra é mais cara. Ocupam e vendem"

"É um absurdo falar que estão ocupando. Se entrarem na sua casa, você vai dizer que estão ocupando ou invadindo?"