Título: Relatório do BC chinês admite flexibilizar câmbio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2009, Economia, p. B11

Aumenta pressão internacional para que o país fortaleça o yuan

O banco central da China fez ontem uma rara mudança na linguagem oficial sobre sua política de câmbio, sugerindo a possibilidade de o governo fazer alterações em seu mecanismo de formação da taxa de câmbio.

No relatório trimestral de política monetária, o Banco da China afirmou que levará em consideração "mudanças nos fluxos internacionais de capital e nas tendências das maiores moedas, em sua política de câmbio", uma frase nunca usada anteriormente. "Seguindo os princípios de iniciativa, controle e gradualismo em relação aos fluxos de capital internacionais e mudanças nas maiores moedas, vamos aprimorar o mecanismo de formação da taxa de câmbio do yuan", diz o relatório.

A mudança na linguagem ocorre em meio a um aumento da pressão internacional para que haja valorização do yuan, à medida que a recuperação chinesa está mais acelerada do que em outras grandes economias. No fim de semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o yuan está "significativamente subvalorizado". Autoridades europeias e japonesas também já defenderam a valorização do yuan.

O BC chinês não detalhou como os fatores destacados no relatório vão afetar o valor do yuan, que tem sido mantido dentro de uma margem estreita de oscilação contra o dólar pelo governo desde julho de 2008. Diariamente, o banco central estabelece uma paridade do yuan com o dólar, que serve de referência para as negociações com a moeda no dia seguinte. O banco estabelece que as cotações do dólar em relação ao yuan podem se mover até 0,50% acima ou abaixo da taxa central de paridade. O BC também estabelece diariamente paridade para outras moedas, que podem oscilar 3% acima ou abaixo de tal paridade.

Economistas avaliaram que a nova abordagem do banco central não indica necessariamente que uma mudança na política de câmbio seja iminente. "O acréscimo (da frase) dá ao banco central mais flexibilidade para explicar qualquer mudança nas taxas de câmbio", mas não necessariamente indica uma mudança na política porque o banco central já disse anteriormente que olha muitas outras moedas ao estabelecer o valor do yuan, afirmou o economista do UBS, Wang Tao.

O economista do Standard Chartered Bank, Li Wei, afirmou que a nova linguagem mostra que o BC está ciente do debate sobre a alta recente de fluxos para a China, o chamado de hot money. Mas o banco central não deve permitir que o yuan suba no curto prazo, acrescentou.