Título: Meirelles defende indicação ao BC
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2009, Economia, p. B6

Para presidente do Banco Central, escolha levou em conta experiência, competência técnica e independência

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a escolha de Aldo Luiz Mendes para a diretoria de Política Monetária da instituição, em substituição a Mario Torós, foi uma decisão que levou em conta três aspectos: experiência, competência técnica e independência. Meirelles disse ter recebido elogios do mercado financeiro pela decisão.

Após reunião com reitores de universidades, Meirelles disse que a saída de Torós não vai deflagrar uma debandada no BC. Ele anunciou que os diretores de Política Econômica, Mário Mesquita, e de Liquidações e Crédito Rural, Gustavo do Vale, "manifestaram o desejo de estarem comigo na gestão do banco", e não devem sair enquanto ele for presidente.

Meirelles, que estuda a possibilidade de disputar um mandato nas próximas eleições, afirmou que, atualmente, é mais provável que permaneça à frente do BC até o fim do governo. Ressaltou, porém, que a opção de deixar o posto em março, a tempo de se candidatar, será avaliada "seriamente". "Hoje, a maior probabilidade é que eu atenda o convite do presidente Lula e fique até o fim de 2010. Existe a outra possibilidade, que eu vou considerar com seriedade em março."

A nomeação de Aldo Luiz Mendes para a diretoria do BC terá de ser aprovada pelo Senado. A indicação foi assinada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O nome de Mendes foi apresentado ontem por Meirelles ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião que durou cerca de uma hora, no Palácio da Alvorada.

Na primeira entrevista após a escolha do novo diretor, Meirelles ressaltou a experiência de Mendes, que trabalhou mais de uma década na diretoria e vice-presidência do Banco do Brasil. Lembrou ainda que a ascensão do indicado sempre ocorreu em reconhecimento ao seu trabalho. "E eu sou um homem que acredita na meritocracia."

"Aldo tem excelente relação com os mercados. Ele é absolutamente adequado para o cargo", reforçou Meirelles. "Hoje, participantes do mercado financeiro me ligaram elogiando a decisão pela serenidade, pelo preparo e pela independência de atitude e pensamento (de Mendes)".

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, usou um tom bem menos entusiasmado ao ser solicitado a comentar a indicação. Perguntado se era amigo de Mendes, respondeu: "Ele é funcionário de carreira do BB". Sobre se a troca de cadeiras pode representar uma mudança na política monetária, outra resposta curta: "É uma decisão do BC. Pergunta a eles".

Meirelles disse que conversou com Torós após a publicação da polêmica entrevista ao Valor Econômico na sexta-feira, 13. "Conversando com o diretor, ele me disse que é de sua responsabilidade o que está entre aspas (na reportagem). O que não está entre aspas, ele disse que é de outras pessoas", relatou, sem dizer se o fato gerou mal-estar na instituição.

"Entre aspas ou não, aquilo é uma opinião pessoal. O Banco Central fala em documentos e pelo seu presidente." A entrevista, na qual Torós faz inconfidências sobre estratégias do BC durante a crise e revela informações reservadas, foi apontada como uma das razões da demissão. COLABOROU LEONENCIO NOSSA

FRASES

Henrique Meirelles Presidente do BC

"Aldo tem excelente relação com os mercados. Ele é absolutamente adequado para o cargo"

"Hoje, participantes do mercado financeiro me ligaram elogiando a decisão pela serenidade, pelo preparo e pela independência de atitude e pensamento (de Aldo Mendes)"

"Conversando com o diretor (Torós), ele me disse que é de sua responsabilidade o que está entre aspas. O que não está entre aspas, ele disse que é de outras pessoas"

"Entre aspas ou não, aquilo é uma opinião pessoal."