Título: Uma mobilização pediu o terceiro mandato
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2009, Nacional, p. A11
Luiz Flávio Borges D"Urso: virtual presidente reeleito da OAB-SP; D"Urso diz que, se não fosse por esse movimento, não teria concorrido e garante que trocou projeto pessoal pelo de seu grupo
Luis Flávio Borges D"Urso, virtualmente eleito presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de São Paulo, quer uma Justiça com "mais mediações, mais conciliações, mais arbitragens, porque o processo não pode ser solução única para os conflitos".
Às 22h40 de ontem, o site da OAB indicava 46.033 votos para D"Urso (35,63%) e 41.066 (31,79%) para seu principal opositor, Rui Fragoso. Ainda resta apuração de 60 urnas. D"Urso já fala como eleito. Confirmado o triunfo, ele assumirá pela terceira vez o posto de mandatário máximo da entidade que aloja o terceiro maior colégio de advogados do mundo, com 285 mil inscritos, e arrecada R$ 200 milhões por ano.
Filiado ao DEM desde 30 de setembro, D"Urso garante não ter projetos políticos. Ao Estado ele falou de metas prioritárias (gestões no Senado para aprovação do projeto que criminaliza violação de prerrogativas dos advogados) e do papel de sua categoria numa Justiça marcada por lentidão impressionante.
Por que sempre D"Urso na presidência de uma seccional com 285 mil advogados?
Quem foi eleito não foi o D"Urso, foi a chapa liderada pelo D"Urso, com 130 nomes que vão comandar a OAB-SP. O presidente tem de ser um advogado. Não pode ser colegiado, não funciona assim. Por que eu? Por causa da mobilização que pediu o terceiro mandato para o D"Urso e que teve início no interior. Não fosse isso eu não teria concorrido, estaria fazendo um trabalho político no Conselho Federal.
Não há mais opções para a classe?
Ser presidente da OAB exige situações específicas. A primeira é ter disponibilidade de tempo para se dedicar à Ordem e situação financeira estável. Que não dependa da sua atividade plena no escritório. Precisa ter vida associativa, gostar disso. Senão, não funciona. Precisa ser profissional disposto a participar de processo onde vitória e derrota andam juntas.
A abstenção bateu recordes. Em algumas seções foi a 40%. A que o sr. atribui esse desinteresse de seus pares?
Reflete a frieza dessa campanha. Os outros candidatos, de oposição, tinham um único discurso contra o terceiro mandato do D"Urso. Só se falou nisso. Os outros temas se tornaram secundários quando o processo eleitoral deve se prestar ao debate dos grandes temas da advocacia, questões que envolvem ética profissional, prerrogativas, mercado de trabalho, papel institucional da Ordem, luta pelas liberdades públicas. Não existiu campanha.
Qual o papel do advogado numa Justiça tão lenta?
Meu pai é formado em 1956. Eu me formei em 82. Meus filhos estão se formando. Há mais de 50 anos não muda o perfil de formação do bacharel. O advogado, o juiz, o promotor, o delegado, todos têm a mesma formação. A formação do bacharel é a de um profissional amarrado. Os processos continuam se arrastando por 10 a 20 anos. Temos de abrir espaço para alternativas de solução dos conflitos. O processo judicial continuará existindo, mas não pode ser única solução. A negociação é o caminho.