Título: População e famílias influenciam clima
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2009, Vida&, p. A23

O divórcio, por exemplo, gera mais emissões de CO2, afirma estudo

O crescimento demográfico, a estrutura de idades de uma sociedade e a composição familiar influenciam de maneira importante a mudança climática, segundo o relatório Estado da População Mundial 2009, apresentado ontem pela ONU.

De acordo com o estudo, o crescimento demográfico não é o elemento determinante da mudança, mas influenciará em sua evolução e na maneira como as populações se adaptarão às suas consequências mais visíveis, como o aumento do nível do mar, a violência das tempestades e a intensidade das secas.

Os especialistas explicam, por exemplo, que um divórcio pode gerar mais emissões de gases do efeito estufa do que um nascimento. Isso porque, após a divisão da família, passam a existir dois lares, provavelmente dois carros e um aumento do consumo de energia doméstica.

Segundo o diretor da divisão técnica do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, em inglês), Werner Haug, o crescimento demográfico representa entre um sétimo e um duodécimo da composição da mudança climática. Calcula-se que, de 1850 até hoje, entre 40% e 60% das emissões de gases que levaram ao aquecimento do planeta se devem ao crescimento demográfico.

O relatório diz ainda que as famílias nos países ricos, que costumam ter poucos membros, geram mais gases-estufa do que os lares em nações em desenvolvimento, formados, em geral, por um maior número de pessoas.

O relatório também ressalta que as mulheres suportam de maneira desproporcional o peso da mudança climática, apesar de serem as que menos contribuem para o fenômeno. Isso se confirma nos países pobres, onde elas, que são a maior parte da mão de obra agrícola, assumem a tarefa de conseguir água e lenha para cozinhar e ainda cuidam da família - atividades que são prejudicadas quando há secas e inundações.

Assim, oferecer às mulheres acesso à educação, saúde reprodutiva e ao planejamento familiar poderia impactar positivamente no combate à mudança climática. Haug defendeu a incorporação da questão no debate de maneira mais explícita.