Título: Mendes já negociava ida para BC
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2009, Economia, p. B3

Em abril, executivo foi afastado do BB pelo ministro Guido Mantega

BRASÍLIA

Indicado para substituir Mário Torós na diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Luiz Mendes conhece bem o negócio bancário.

Quando era vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil (BB), Mendes foi responsável pelas negociações de compra e incorporação do Votorantim, da Nossa Caixa, do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e do Banco do Estado do Piauí (BEP).

Aldo Mendes deixou o Banco do Brasil em abril deste ano. Há quem diga que sua saída foi uma decisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teria afastado o executivo juntamente com o então presidente do banco, Antonio Lima Neto.

Mantega não concordava com a resistência da presidência do banco em reduzir os juros dos empréstimos oferecidos pela instituição.

Atualmente, Mendes presidia a Companhia de Seguros Aliança do Brasil e há algum tempo negociava sua ida para o Banco Central, em conversas com o presidente do BC, Henrique Meirelles. O convite de Meirelles, segundo fontes, não deveria ser interpretado como uma ação contrária à decisão do ministro Guido Mantega. Ontem, assessores do ministro comentavam que o substituto de Torós era "uma pessoa muito boa" e que a escolha de seu nome não teve a oposição por parte do ministro da Fazenda.

PERFIL

Segundo essa fonte, Aldo Mendes é extremamente técnico e equilibrado, sem poder ser enquadrado dentro de um perfil desenvolvimentista ou ultraortodoxo.

Embora Mendes tenha, em alguns momentos, considerado que o Banco Central poderia ter avançado mais na queda da taxa básica de juros (Selic), ele não acredita na tese de que o desenvolvimento tem de ocorrer a qualquer custo, colocando a estabilidade econômica em risco.

Responsável pela área de finanças do Banco do Brasil, Mendes tinha frequente relacionamento com a diretoria do Banco Central, especialmente com a área de Normas, que é comandada por Alexandre Tombini, cotado para substituir o presidente Henrique Meirelles no comando do banco, no caso de ele, de fato, se afastar do para se candidatar a um cargo eletivo no próximo ano.

Também são boas as relações entre Mendes e a diretoria de Liquidações, comandada pelo amigo dele, Gustavo do Vale. "Ele tem muita interlocução no Banco Central", disse a fonte.

CARREIRA

Funcionário de carreira do Banco do Brasil, a primeira indicação para o cargo de diretor da instituição aconteceu no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob o comando do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, Aldo Mendes, se fixou no cargo de diretor de mercado de capitais e, depois, foi promovido a vice-presidente do Banco do Brasil.

A sua transferência do banco federal para a Companhia Aliança de Seguros foi decisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega.