Título: Vivendi surpreende a Telefônica e acerta a compra do controle da GVT
Autor: Pinheiro, Vinícius
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2009, Negocios, p. B25

Num lance surpreendente, o grupo francês Vivendi desbancou a oferta da espanhola Telefônica e anunciou um acordo privado para a compra de até 57,5% da operadora de telefonia GVT, que atua nos Estados do Sul e do Centro-Oeste. A operação foi avaliada em R$ 7,2 bilhões. Para levar o controle da GVT, a Vivendi fechou dois contratos diferentes: ela acertou a compra das ações dos controladores da companhia e de terceiros, que correspondem a 37,9% do capital, por R$ 56,00 por ação; além disso, fechou um contrato de opções que lhe dá o direito de adquirir outros 19,6% dos papéis da operadora a R$ 55,00 cada.

A Vivendi informou, ainda, que prepara uma oferta pelas demais ações dos minoritários da GVT, por R$ 56,00 por papel, de acordo com a legislação brasileira. Se houver interesses de todos os minoritários, os franceses estão dispostos a comprar até 100% dos papéis em circulação no mercado.

A aquisição da GVT era estratégica para as duas multinacionais. Para a Vivendi, que não está no Brasil, será a porta de entrada para um dos mercados que mais crescem no mundo. No caso da Telefônica, o contrário. Segundo analistas de mercado, a compra da GVT era importante para evitar a chegada dos franceses - principalmente em São Paulo, praça dominada pela Telefônica, onde a GVT começou a atuar recentemente.

Menos de um mês depois de a Vivendi oferecer o equivalente a R$ 42,00 por ação da empresa, em setembro, os espanhóis mostraram todo seu apetite e lançaram uma Oferta Pública de Ações (OPA) para comprar até 100% dos papéis na Bolsa de Valores.

A Telefônica ofereceu R$ 48,00 por ação, valor que na semana passada foi elevado para R$ 50,50, numa tentativa de assustar os franceses. O leilão em que a Telefônica faria sua oferta estava marcado para 19 de novembro, mas agora deixa de fazer sentido, pois uma das condições da Telefônica era comprar pelo menos 51% das ações.

No mercado financeiro, circulava a versão de que a Telefônica desconfiava de que a Vivendi estava negociando acordos paralelos com fundos que detinham posições importantes na GVT. A Telefônica, que já tinha lançado sua oferta pública, não podia fazer a mesma coisa.

No pregão de ontem, as ações da GVT chegaram a cair para R$ 50,71 pela manhã, buscando o preço oferecido pela Telefônica após a anuência prévia ao negócio pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Durante a tarde, porém, os papéis apresentaram recuperação e fecharam em alta de 0,64%, com quase R$ 80 milhões negociados. Citigroup e Merrill Lynch lideraram as compras do papel no pregão de ontem, enquanto o HSBC foi o principal destaque na ponta vendedora.