Título: Cúpula do PSDB rebate críticas do PT, mas planeja esconder FHC em 2010
Autor: Bramatti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/11/2009, Nacional, p. A10

A cúpula do PSDB vai "esconder" o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na campanha presidencial de 2010. Assim como ocorreu na última eleição municipal, em que candidatos tucanos como o prefeito de Curitiba, Beto Richa, até "dispensaram" a participação de FHC no programa eleitoral de televisão, dirigentes do PSDB e do DEM dizem que ele não é candidato e o PT não vai transformá-lo em personagem na eleição. A oposição diz que não está preocupada com a tática petista de colar FHC à imagem do governador paulista e pré-candidato ao Planalto, José Serra.

"Problema não é ter FHC ao nosso lado. É ter a quadrilha do mensalão inteira na campanha e a candidata Dilma defendendo todos", disse o vice-presidente do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), para quem o PT deu "indulgência aos mensaleiros e os colocou na campanha".

Nos bastidores, DEM e PSDB admitem que FHC tem problemas de rejeição. Mas o tucanato diz ter pesquisas qualitativas comprovando que a estratégia de trazer o governo FHC para a campanha não produzirá impacto negativo, como avalia o PT.

A reação da oposição foi provocada pela divulgação da pesquisa CNT/Sensus, revelando que um candidato indicado por FHC, independentemente de nomes, tem a aceitação de 3% do eleitorado - frente aos 20,1% dos que disseram que votam em nome indicado por Lula.

No PSDB, a pesquisa que vale é outra. Em levantamento feito pelo partido, Serra, "o ex-ministro da Saúde apoiado por FHC", foi confrontado com "a candidata Dilma e ministra da Casa Civil, apoiada por Lula" e, segundo um tucano que disse ter visto os números, o governador ainda estaria 15 pontos porcentuais à frente da petista.

"Essa rejeição ao Fernando Henrique é uma tremenda injustiça, mas não é novidade para nós", diz o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). "Esse quadro a gente já esperava", concorda o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Ele entende que cabe à oposição "olhar a pesquisa por dentro" e identificar os pontos fracos da gestão Lula que não atingiram a avaliação do governo.

O senador Sérgio Guerra comentou que Serra e o governador de Minas, Aécio Neves, são conhecidos, já disputaram e venceram eleições, além de serem " administradores testados e aprovados" pela população. "A diferença é que nossos pré-candidatos têm biografia, independentemente de padrinhos, enquanto Dilma não tem DNA de candidato, porque não tem vida própria nem existiria, não fosse o apoio de Lula", declarou o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO).