Título: Tarso critica delegados que querem eleger chefe da PF
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2009, Nacional, p. A8
O ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou ontem delegados da Polícia Federal que querem alterar o modelo de escolha do diretor-geral da corporação. "Há alguns delegados que acham que podem eleger o diretor, isso não é correto", declarou. "O diretor da PF não é um diretor para a corporação, é diretor para o Estado brasileiro. Ele tem de responder para autoridades do Estado e do governo."
É crescente a mobilização de delegados que defendem mandato de dois anos, renovável por mais dois, para o chefe da PF, que seria indicado em lista tríplice eleita pela classe e submetida ao presidente da República. "Isso nos daria tranquilidade de uma política estável dentro da PF", diz Sandro Avelar, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal. "O mandato não é suficiente para impedir ingerências externas, mas reforça a autonomia funcional."
Ontem, o governo enviou ao Congresso a Lei Orgânica da PF. Para Tarso, a norma tornará a instituição "cada vez menos um órgão eventualmente manipulável por interesses políticos". O texto não altera o capítulo da escolha do diretor - o ministro sugere, o presidente nomeia "dentre delegados federais de carreira". Avelar disse que os delegados planejam gestões com os parlamentares para inserir na lei as alterações que reputam importantes.
Tarso avalia que o formato em vigor não guarda viés político. "Poderia ser qualificado como cargo político se o diretor fosse eleito pela corporação. Daí ele responderia aos interesses da corporação que o elegeu e não aos do Estado e da Constituição."