Título: Para analista, respaldo é grave e incomum
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2009, Internacional, p. A16
A decisão atribuída ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de declarar abertamente sua preferência pelo candidato uruguaio José Mujica é "grave, incomum e pouco prudente", segundo o professor de Relações Internacionais da Unesp, Clodoaldo Bueno. "Se o presidente não desautorizar a declaração do Olívio (Dutra, dirigente petista), terá sido uma interferência política inadequada na política uruguaia", disse Bueno. "Um país que quer ter liderança e influência na região, tem de ser neutro e prudente. Não pode ficar refém de discursos circunstanciais."
Apesar de incomum, o apoio de presidentes brasileiros a candidatos de países vizinhos já ocorreu no passado, de acordo com José Augusto Guilhon de Albuquerque, filósofo e sociólogo especialista em relações internacionais. Ele diz que é normal um presidente "insinuar seu apoio e deixar o tema reverberar na imprensa", mesmo evitando "subir no palanque". Guilhon lembra que Fernando Henrique Cardoso também sinalizou apoio à reeleição do argentino Carlos Menem nos anos 90.