Título: Coleta de dados tem problemas
Autor: Cimieri, Fabiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2009, Vida&, p. A23

Em seis Estados brasileiros - Maranhão, Amapá, Roraima, Acre, Rondônia e Rio de Janeiro - ainda não existem Registros de Câncer de Base Populacional, instituições que coletam novos casos da doença em serviços de saúde. Elas subsidiam o Instituto Nacional do Câncer (Inca) no cálculo das estimativas anuais sobre o problema. E, dos 28 registros existentes, só 20 estão realmente funcionando, segundo o instituto.

Existem dificuldades principalmente para o financiamento dos centros, que recebem expertise do Inca e incentivo financeiro do Ministério da Saúde, mas dependem principalmente dos recursos dos Estados e dos municípios para o pleno funcionamento. "O principal problema que enfrentamos é a falta de um recurso fixo que mantenha o registro em funcionamento", afirma Fernanda Michels, coordenadora do Registro de Câncer de Base Populacional da capital paulista, que funciona desde 1969 em sala cedida pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Atualmente, a unidade conta com R$ 10 mil mensais repassados pelo ministério, complementados por convênio com a prefeitura. "Em abril de 2009 ficamos fechados por falta de recursos", relata.

Segundo Antônio Pedro Mirra, ex-coordenador do registro da capital paulista, em razão das limitações de cobertura dos registros, as estimativas têm de ser vistas com reservas. "Os dados podem estar subestimados ou superestimados." Ele destaca que nem os EUA alcançaram cobertura de 100%. O Inca informou que os 20 registros cobrem 30 milhões de brasileiros, o que considera suficiente para uma projeção adequada da situação da doença.