Título: Mesquita quer que BC faça supervisão de fundos
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2009, Economia, p. B6

Seria importante que o Banco Central passasse a ter, junto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), "autoridade de supervisão" sobre a indústria de fundos de investimento, especificamente sobre os fundos que fazem parte de conglomerados financeiros liderados por bancos. Essa posição foi defendida pelo diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, em discurso no 5º Seminário Anbima de Mercado de Capitais. O dirigente do BC informou, pela assessoria de imprensa da instituição, que essa ideia faz parte de temas perenes para reflexão e são visões pessoais suas, e não do Banco Central.

Mesquita destacou que da crise financeira internacional podem ser extraídas várias lições. Uma delas é que o aumento da proteção dos agentes financeiros passe, essencialmente, pelo aumento da supervisão das autoridades oficiais. Ele destacou que o monitoramento do setor corporativo pode ser aperfeiçoado sem a "extensão do perímetro regulatório do Banco Central". Contudo, ele frisou para executivos financeiros atentos às suas palavras que isso não se aplica aos fundos de investimentos. O diretor do BC destacou que "esses veículos" respondem por um patrimônio líquido superior a R$ 1 trilhão, cerca de 40% do PIB, têm ampla disseminação na sociedade e são oferecidos como parte da "cesta padrão" de produtos dos maiores conglomerados financeiros que atuam no País.

"Parece pouco plausível que problemas severos em fundos, associados a conglomerados financeiros, não sejam refletidos nas entidades coligadas, inclusive no que se refere a instituições depositárias", comentou Mário Mesquita, visto por analistas como o principal formulador de política monetária no BC. Nesse contexto, ele advogou a tese de que a autoridade monetária deve também supervisionar os fundos de investimentos, tarefa hoje exclusiva da CVM, vinculada diretamente ao Ministério da Fazenda.