Título: Consumo de energia cai 1% em relação a 2008
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2009, Economia, p. B11

Pela primeira vez na história, o consumo de eletricidade nas residências e no comércio empatou com o da indústria no País. Essa mudança foi detectada no boletim de outubro da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgado ontem. No mês passado, o consumo brasileiro de energia caiu 1,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

De acordo com a EPE, a participação conjunta do consumo residencial e comercial na demanda total por energia no Brasil somava 39,6% em 2008, ante participação de 46,2% do consumo industrial. Já em 2009, juntos, residências e comércio totalizaram 42,5% em outubro, enquanto a participação do consumo industrial encontra-se em 42,9%. O cenário é fruto da redução no consumo industrial, aliada ao aumento na venda de eletrodomésticos.

A indústria apresenta alguma recuperação, atingindo em outubro o maior volume de consumo desde dezembro de 2008, mas ainda sofre os efeitos da crise econômica, especialmente no Sudeste, informa o boletim da EPE. Em outubro, a indústria consumiu um volume de energia 6,2% inferior ao do mesmo mês de 2008. A EPE, porém, vê sinais de retomada, especialmente em São Paulo. "A média do consumo de julho a outubro é 10% superior à do primeiro semestre", diz o boletim.

Se de um lado a crise econômica deprimiu a demanda industrial, por outro, houve expansão não somente no número de residências que foram ligadas ao sistema elétrico nacional (alta de 27%), como também no volume de equipamentos ligados na tomada. Os incentivos governamentais, como a redução do IPI sobre aparelhos eletrodomésticos de linha branca (ar-condicionado e geladeira), aumentaram as vendas destes equipamentos e puxaram a alta da demanda residencial: o consumo médio de cada casa cresceu 8%.

A alta poderia ter sido maior, diz a EPE, mas houve menos dias de leitura em determinada região de São Paulo, por conta de feriado local. O Nordeste continua apresentando a maior expansão neste segmento, principalmente por conta da inclusão de novas residências.

No Maranhão, por exemplo, houve aumento de 16,5% no consumo residencial em outubro, ante o mesmo mês no ano passado.

De janeiro a outubro houve queda no consumo total de 2,3%, estimulada principalmente pela redução de 9,9% na demanda industrial. No mesmo período, no entanto, o consumo nas residências e no comércio cresceu em 5% em média cada um. Esse último vem sofrendo impacto da "permanente abertura de novos pontos comerciais, muitos de elevado padrão de consumo".