Título: Líder checo critica a União Europeia
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2009, Internacional, p. A22

Em visita a São Paulo, Klaus afirma que bloco segue na direção errada e se diz contra a cúpula do clima

Renata Miranda Tamanho do texto? A A A A O presidente da República Checa, Vaclav Klaus, criticou ontem a unificação da Europa por meio do Tratado de Lisboa, afirmando que o documento fará com que a União Europeia dê um "salto na direção errada". Durante palestra na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, Klaus ressaltou a importância das relações entre Praga e Brasília e reafirmou sua oposição à cúpula mundial do clima a ser realizada pela ONU, no mês que vem, em Copenhague.

"O plano original da UE era cooperar de uma maneira amigável e aberta, removendo todos os tipos de barreiras para possibilitar o trânsito livre de ideias e pessoas", afirmou o presidente, considerado um dos políticos mais "eurocéticos". "Essa concepção era positiva, mas é triste que hoje este não seja mais o conceito dominante."

SOBERANIA

A República Checa foi o último dos 27 países que integram a UE a assinar o tratado, no começo do mês. Após ratificar o texto, Klaus - que veta bandeiras europeias nos prédios do governo e costuma comparar a UE à antiga União Soviética - afirmou que o documento prejudicava a soberania de seu país.

Criado para substituir a Constituição Europeia - rejeitada pelos eleitores da França e da Holanda em 2005 -, o Tratado de Lisboa instituiu novos mecanismos de defesa e relações exteriores na UE, além de ter criado o cargo de presidente do bloco.

O líder checo afirmou que a proposta de acordo sobre o clima que será discutida em Copenhague é "perigosa" para a liberdade. "Sou 100% contra a conferência", disse. "Não devemos concordar com um plano que nos diga como viver e o que fazer." De acordo com ele, o aquecimento não é global, pois ocorre somente em "algumas partes do mundo".

Klaus, que discutiu o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, afirmou que esta é uma das únicas questões das quais ele e o líder brasileiro discordam