Título: Aposentadoria está no centro das discussões em Brasília
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2009, Economia, p. B11
De um lado está a pressão no governo para não aumentar as despesas. De outro, em período pré-eleitoral, existe a necessidade de afagar o eleitor. Numa terceira ponta, estão aposentados e centrais sindicais, que se articulam para mudar as atuais regras da Previdência sobre o índice de correção dos benefícios e a fórmula de aposentadoria.
A discussão chama a atenção de dois grandes grupos - aposentados e trabalhadores formais. O Brasil tem 14,9 milhões de aposentados, e a eles interessa saber se os benefícios terão outra forma de correção, que ajude a recompor as perdas de quem ganha acima de um salário mínimo e está submetido ao índice de inflação (INPC) para corrigir anualmente o valor.
Também estão atentos à discussão os 33,2 milhões de brasileiros, total da população com carteira assinada. A maioria torce para que o fator previdenciário, uma fórmula que atrela o benefício ao tempo de contribuição, idade e expectativa de vida, dê espaço a um índice de cálculo diferente, que tornaria mais fácil, em tese, a aposentadoria com o valor integral.
Leonardo Rangel, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pondera: "Dois terços dos aposentados ganham um salário mínimo. Ainda é muita gente recebendo pouco. Por outro lado, é fato que o cobertor é muito curto, e qualquer mudança nas regras de correção do benefício ou da aposentadoria representarão um acréscimo de alguns bilhões de reais nas contas".
Segundo o especialista, tanto governo quanto aposentados têm razão nos argumentos. O governo alega que os aposentados que ganham até um salário mínimo tiveram recuperação da renda, com a correção do valor acima da inflação. Já os aposentados dizem que os benefícios acima de um mínimo estão defasados.